Pedro Guimarães bajulava Palocci no governo Dilma
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Pedro Guimarães era o bolsonarista mais inflamado entre todos os dirigentes de estatais enquanto esteve presidindo a Caixa.
Sua devoção ao ideário do chefe — em declarações públicas, reuniões ministeriais ou participações nas lives do presidente — fazia dele um bolsonarista raiz exemplar.
Nem sempre foi assim, porém.
Durante o governo Dilma, Guimarães, então executivo do Banco Brasil Plural (hoje Genial), procurava a ajuda de um consultor que abria todas as portas nos arraiais petistas, o Antonio Palocci. Entre 2012 e 2013, já na condição de ex-ministro demitdo depois de um escândalo, Palocci atuava livre, leve e solto em sua consultoria, a Projeto.
Essa relação fica explícita em diálogos (via SMS ou WhatsApp) que apareceram quando o celular do sogro de Pedro Guimarães, Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, foi apreendido pela PF numa das fases da Lava-Jato.
Em 6 de dezembro de 2012, por exemplo, Guimarães perguntou ao sogro por mensagem: “novidades na questão do gás?”. Léo Pinheiro respondeu: “O cara achou a ideia maravilhosa. Temos que conversar com o Palocci”.
Quatro das depois, Pinheiro voltou ao assunto: “O Médico deve lhe chamar na quinta ou sexta-feira pra conversar com vc. O Brani deve te ligar. Deixei com ele o material”. O futuro bolsonarista raiz respondeu:”5ª eh mto melhor pra mim. Ligo pra ele? Mas se só puder 6ª f ok”. O então presidente da OAS encerrou: “Aguarde que vão te ligar”
O ‘médico” naturalmente é Palocci. Brani é Branislav Kontic, ex-braço-direito do ex-ministro da Fazenda. Mais dois dias se passam e Guimarães pareceu preocupado:”O Brani ainda não ligou”.
Antes disso, em setembro daquele ano, uma mensagem para Pedro Guimarães, via SMS e que estava no celular apreendido pela Lava-Jato, já citava Palocci: “preciso falar com vc sobre a reunião com o médico”. Guimarães respondeu com um “ok”. e pediu: “me liga depois do almoço”.
Em 29 de janeiro de 2013, o futuro presidente da Caixa recebeu uma mensagem:”O médico gostou muito de sua apresentação. Disse-me que irá conduzir o tema com algumas pessoas e sentir como será recebido o tema”.
Mesmo fora do governo, Palocci ainda era uma figura ouvida no PT. Uma reportgagem do GLOBO de 5 de maio de 2013 relatava:”Nos bastidores, porém, continua dando conselhos à presidente Dilma Rousseff e é interlocutor assíduo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”
No celular apreendido, Léo Pinheiro aparece também fazendo o meio de campo para o genro com outro personagem: em 25 de agosto de 2013, pediu a Carlos Borges, então diretor de Investimentos da Funcef, o fundo de pensão da Caixa: “vc poderia receber o meu genro, Pedro Guimarães. Ele precisa de uns conselhos seus (…)”. Borges três anos depois seria preso numa das etapas da Operação Greenfield.
Os trechos dessas conversas não comprovam nenhum negócio sendo fechado com o auxílio de Palocci ou de Borges. Mas deixam patente que Pedro Guimarães e o seu sogro, delator da Lava-Jato, operavam juntos em busca de bons negócios na era petista.