Preso suposto mandante da morte de Bruno e Dom

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Foto: Wilton Junior/Estadão

O homem apontado como possível mandante do assassinato de Bruno Pereira e de Dom Phillips na Amazônia foi detido na noite desta quinta-feira, 7, segundo informações da superintendência da Polícia Federal em Manaus confirmadas também pela Polícia Militar no oeste do Amazonas. O nome dele é Rubens Villar Coelho, conhecido como ‘Colômbia’, e seria natural do Peru.

Na região de fronteira entre o Brasil, Peru e Colômbia, o pescador conhecido como ‘Pelado’, morador de uma comunidade ribeirinha, confessou ter disparado contra o indigenista brasileiro e o jornalista britânico em 5 de junho, causando a morte da dupla. O caso é um dos mais emblemáticos da atual disputa por terras indígenas, garimpo ilegal, pesca ilegal para exportação e outros crimes na área.

O peruano Rubens Villar Coelho, conhecido como ‘Colômbia’, foi preso por uso de documento falso em Tabatinga (AM). O nome dele foi citado em meio às investigações da Polícia Federal e da Polícia Militar.

‘Colômbia’ é apontado como um dos financiadores da pesca ilegal nas terras indígenas no Vale Javari, onde Bruno e Dom foram assassinados. Ele tem ligação com Amarildo da Costa Oliveira, o ‘Pelado’, que confessou o crime e indicou o local onde os corpos foram enterrados. ‘Pelado’ foi quem apareceu nas imagens da reconstituição dos crimes, nas últimas semanas.

Há três pessoas presas sob suspeita de participação direta no assassinato de Bruno e Dom: Amarildo da Costa Oliveira; o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos; e Jeferson da Silva Lima, conhecido ‘Pelado da Dinha’, que se entregou na Delegacia de Atalaia do Norte. Eles tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça do Amazonas. Rubens deve ter prisão decretada nas próximas horas.

Bruno da Cunha Araújo Pereira, natural de Recife (PE), morreu aos 41 anos. Ele era um dos maiores especialistas em comunidades isoladas da floresta Amazônica e foi exonerado da Funai (Fundação Nacional do Índio) durante a pandemia de covid-19. O indigenista trabalhava, nos últimos meses, junto à Equipe de Vigilância da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari). Trabalhadores e moradores da região foram os primeiros a informar o desaparecimento de Bruno e Dom no dia 5 de junho de 2022, domingo, quando eles se deslocavam em embarcação própria até uma das comunidades ribeirinhas próximas de Atalaia do Norte (AM). Na área de rios que dividem o Brasil pelo noroeste, não é possível viajar por rodovias. Manaus (AM) fica localizada a quase 1,2 mil quilômetros de Atalaia do Norte. Bruno deixou três filhos. Ele foi velado e cremado na região metropolitana de Recife, com homenagens de povos indígenas locais que foram transmitidas internacionalmente.

Dominic Mark Phillips, que morreu aos 57 anos, nasceu no interior da Inglaterra, no Reino Unido, e morava no Brasil havia quase duas décadas. Ele era casado com Alessandra Sampaio, natural do Rio e moradora de Salvador (BA). O britânico dizia para amigos que a capital baiana é “o centro do mundo”. Ele aprendeu a remar no mar do Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, e já tinha feito outras expedições com o amigo Bruno Pereira pelo oeste do Amazonas antes de morrer. Dom foi velado e cremado em Niterói (RJ), com a presença de irmãos ingleses, da viúva Alessandra – que fez pronunciamento transmitido nas principais emissoras de TV brasileiras -, dos sogros e de outros familiares e amigos da família.

Estadão