Simone Tebet segue repetindo que sofreu “violência sexual”

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Assédio sexual deixa ferida indelével. Os casos na Caixa Econômica Federal, revelados nesta semana pelo repórter Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles, levaram a senadora Simone Tebet, candidata presidencial do MDB, a interromper uma votação no Senado para manifestação de solidariedade às funcionárias abusadas pelo ex-presidente do banco estatal, Pedro Guimarães.

Ela surpreendeu ao expor, no plenário, a memória da dor íntima, silenciosa, de uma vítima de assédio sexual no trabalho em empresa privada: Simone Nassar Tebet.

Eis o seu relato:

“Eu sei o que é assédio sexual. É algo que o tempo não apaga, é uma ferida que não cicatriza. Lamentavelmente, quase metade das mulheres brasileiras são vítimas de assédio sexual. E é importante explicar o que é: é quando alguém, do alto do seu poder, assedia sexualmente, constrangendo na tentativa de obter favores sexuais, um subordinado. Nós não estamos falando de um igual para um igual.

“É algo que o tempo não apaga. É como o que aconteceu comigo, ou com outras mulheres”

Repito: eu sei e eu conheço essa dor. Então, quando a gente está diante de um caso como esse [na Caixa Econômica Federal], escabroso, que tem indícios sérios, que tem áudios, que tem vídeos, que tem denúncias, nós estamos diante de um caso para o qual é preciso ter uma reação (…)

[É] como o que aconteceu comigo, ou com outras mulheres (…) e não são poucos [os casos] de mulheres que têm de escolher, de fazer a triste escolha de colocar comida na mesa para os seus filhos ou tentar preservar a sua integridade física, psicológica e moral (…)

“Eu não estou tratando de uma questão simples. Servidoras do Senado já sofreram esse tipo de assédio, senadoras já sofreram”

Eu não estou tratando de uma questão simples. É uma questão séria, é uma questão que mancha a imagem da mulher brasileira.

Há um dado que dá conta de que apenas 15% das mulheres [entre vítimas assédio moral e sexual no trabalho] pedem demissão. Porque elas têm um problema: elas precisam sustentar as suas famílias. Isso quando, na realidade, quem tem de ser colocado para fora [do emprego] é o agressor (…)

Servidoras do Senado Federal já sofreram esse tipo de assédio (…) Senadoras da República já sofreram, não como senadoras, mas quando começaram a sua vida profissional, esse tipo de assédio sexual (…)

“Eu não tive coragem de dizer para o meu pai. Quantas senadoras, e algumas — eu sei que sofreram assédio sexual — não tiveram coragem?”

Eu faço um desafio a qualquer um dos senadores: vão agora para os seus gabinetes e perguntem para as suas assessoras e para todas as funcionárias se tem pelo menos uma que já sofreu algum tipo de assédio sexual em sua atividade profissional. Eu garanto que uma, vossas excelências vão encontrar.

Quando eu tinha 19 para 20 anos, eu não tive coragem de dizer para o meu pai. Quantas senadoras, e algumas —eu sei que sofreram assédio sexual — não tiveram coragem?

Eu tive que mentir para o meu pai [o ex-presidente do Senado Ramez Tebet] que eu estava saindo [de um estágio profissional] porque eu não estava satisfeita onde estava, depois de dois, três meses. Tive que escutar dele: ‘Mas, como assim? Que irresponsabilidade é essa de você, que mal começou a estagiar, estar querendo sair da sua atividade?’ Eu não sabia como dizer, eu não sabia se seria ouvida.

Eu não tinha testemunhas, eu não tinha prova. A situação hoje mudou! Hoje eu me encontro aqui [no Senado] para ser a voz de quem fica calado e que perde.

“É mais grave: a maioria das mulheres tem que fazer uma triste escolha entre alimentar os filhos ou defender sua honra e dignidade”

Deixe-me dizer, com todo o amor que eu tenho dentro do meu coração e, repito, de uma alma ferida como a das mulheres que já sofreram assédio sexual. Deixe-me dizer uma coisa, que é mais grave: a maioria das mulheres fica no ambiente de trabalho, a maioria das mulheres tem que fazer uma triste escolha entre alimentar os filhos ou defender sua honra e dignidade (…)

Eu não estou utilizando a tribuna [do Senado] por uma razão qualquer. Eu estou falando que metade, quase metade da população brasileira, das mulheres brasileiras sofreram, sofrem ou sofrerão algum tipo de violência ou de assédio sexual.

[A demissão de Pedro Guimarães da presidência da Caixa] não elide a necessidade de investigação rigorosa em relação às denúncias gravíssimas, sob pena de leniência, sob pena de cumplicidade.

“Vamos exigir da Câmara que aprove o projeto, que nós já aprovamos por unanimidade, para igualar os salários entre homens e mulheres”

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