Bolsonaro busca jeito de faturar auxílio de R$ 600
Foto: Edilson Dantas
A campanha de Jair Bolsonaro não pretende morrer na praia com um dos seus maiores trunfos para a eleição de outubro — o Auxílio Brasil de R$ 600, um benefício que o governo moveu mundos e fundos para aprovar, explodindo o teto de gastos.
Para se contrapor ao fato de a campanha do PT bater na tecla de que o auxílio, por lei, termina em 31 de dezembro, o marketing bolsonarista vai começar a embalar para o distinto público o seguinte discurso: se Bolsonaro for reeleito, no dia seguinte o governo oficializa os R$ 600 para 2023.
O chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, já apontou para esse caminho numa fala de ontem. O próprio Paulo Guedes, se perguntado, confirmará a intenção. E dirá que há recursos para manter o auxílio como está. Esses recursos viriam da reforma tributária, que o governo quer que o Senado aprove em novembro, ou seriam remanejados de outras obrigações.
O governo está sendo pressionado a se posicionar por dois motivos. Primeiro, porque a proposta dele próprio para o Orçamento de 2023 indica que o Auxílio Brasil será de R$ 400 — mas que haveria um “compromisso” de mantê-lo em R$ 600.
Há ainda uma segunda razão. Na semana passada, de acordo com uma pesquisa qualitativa encomendada por um grande banco de investimentos, uma série de postagens de André Janones em suas redes sociais sobre o Auxílio Brasil criou uma barreira para o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas — ao menos neste primeiro momento.
E o que Janones, que possui 11 milhões de seguidores, falou? O neo-lulista fez vários alertas à população de baixa renda, todos com forte grau de engajamento, sobre o fato de o prazo de vigência do benefício e R$ 600 acabar em dezembro.
É a isso que o marketing de Bolsonaro quer se contrapor.