Bolsonaro fará campanha entre banqueiros
Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
Os bombeiros entraram em campo para apagar uma e algumas fogueiras acesas recentemente: Jair Bolsonaro vai almoçar na Febraban na segunda-feira. O objetivo é o mais óbvio possível. Esta é uma das ações que o núcleo político do Palácio do Planalto está empreendendo para tentar baixar o fogo das relações de banqueiros e grandes empresários com o presidente.
Na última semana a temperatura subiu por causa dos manifestos lançados para defender a democracia — um que inicialmente teve assinatura de grandes empresários e banqueiros e outro da Fiesp. Bolsonaro inclusive desmarcou dois encontros importantes com empresários que aconteceriam no dia 11 em São Paulo, uma sabatina na Fiesp e um jantar promovido pelo grupo Esfera Brasil.
O presidente vai a São Paulo acompanhado por Ciro Nogueira, que na semana passada elevou a temperatura do ambiente com um tuíte em que afirmava que o “BC independente colocou em prática o Pix, que por ano transferiu mais de 30, 40 bilhões de reais de tarifas que os bancos ganhavam a cada transferência bancária e hoje é de graça”. Era uma resposta à decisão da Febraban de assinar o manifesto em defesa da democracia que será lido publicamente na quinta-feira que vem.
Em seguida, Bolsonaro bateu na mesma tecla em conversa com seus apoiadores:
— Você pode ver esse negócio de carta aos brasileiros em favor da democracia, os banqueiros tão patrocinando. É o Pix, eu dei uma paulada neles. Os bancos digitais também, que nós facilitamos. Nós estamos acabando com o monopólio dos bancos, eles estão perdendo o poder. Carta pela democracia, qual a ameaça que eu tô fazendo à democracia?”.
Foi o próprio Ciro, no entanto, quem negociou com Isaac Sidney, presidente da entidade, a ida de Bolsonaro para um almoço com os banqueiros que criticou. Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco, um dos banqueiros que assinaram o manifesto pela democracia é integrante do conselho consultivo da Febraban. Evidentemente, não estará presente ao almoço.