Candidatura de Tebet é ficção, dizem especialistas
Foto: João Miguel Jr/TV Globo
A candidata Simone Tebet (MDB) foi à sabatina do Jornal Nacional com a intenção de se apresentar à população, conforme destacaram especialistas. Ele lembraram, porém, que a missão da postulante ao Planalto é árdua ante a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, líderes das pesquisas de intenção de voto.
“O eleitor foca muito pouco na agenda política. O voto é muito mais na identificação com o candidato. A eleição está muito polarizada, e o foco fica nos dois (Lula e Bolsonaro). Para uma terceira via decolar, um dos dois teria de cair. Esses são fatores que complicam muito para Tebet ou para qualquer outro candidato que não seja Lula ou Bolsonaro no momento”, frisou Leonardo Barreto, doutor em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB).
O especialista destacou que, “dentro desse universo polarizado, ela tentou usar um eixo para se inserir, que foi a presença da mulher na política”. “E, dentro disso, construir uma política de educação e da família, questões que os outros nem sequer margearam. A partir de ser uma candidata mulher, fala a respeito das dores que só ela teve, falou muito com o eleitorado feminino, e acho que espera, daí, ganhar um impulso para pontuar nas pesquisas”, disse. “Diante de todo o cenário que está enfrentando, se pontuar 10% nas urnas será um grande feito.”
Na avaliação do cientista político André Rosa, o ponto alto do debate foi o comportamento da presidenciável ante os questionamentos sobre o racha do MDB por causa de sua candidatura. “É até errado colocar isso para ela, porque o MDB é o mais fragmentado e fisiológico, é histórico. Ela ter saído como presidente mulher, vejo como um grande feito. Ela conseguiu contornar esses questionamentos sobre o MDB quando, na realidade, isso é um problema de todos os partidos.”
O cientista político avaliou, porém, que o discurso de Tebet na sabatina, ora técnico, ora simples, pode confundir o eleitor e não causar conexão. “De uma maneira geral, é um discurso um pouco vazio. Tentou abordar questões muito complexas de forma simples. Quando questionada sobre como fará para executar, começa a divagar a respeito do tema complexo, e isso causa uma confusão no eleitor, que não conseguirá entender como ela pode ser a melhor candidata”, ressaltou.
Bernardo Livramento, sócio da Fatto Inteligência Política, afirmou que Tebet tem duas preocupações principais em sua apresentação para a sociedade: a forma como se mostrará, ou seja, demonstrando firmeza, assertividade, inteligência, imagem positiva, e as ideias que conversem com as principais demandas do eleitorado. Para ele, esse combo pode fazê-la crescer.
Segundo o especialista, candidaturas que têm menos chance de vencer, como é o caso da de Tebet, dificilmente se apegam à operacionalização das suas políticas públicas. A operacionalização, nesse cenário, fica em segundo plano.
“Existem eleições em que, mesmo perdendo, o candidato ganha. E o objetivo de Simone pode ser até vencer, mas, caso ela consiga se tornar conhecida e bem avaliada pela população, já terá cumprido seu papel, que é ir se sedimentando como um nome nacional”, argumentou.