Chile reage a ataque de Bolsonaro
Foto: Christian Braga/Farpa/CIDH
O governo do Chile irá entregar ao embaixador do Brasil em Santiago uma nota de protesto, diante das falas do presidente Jair Bolsonaro, durante o debate entre os candidatos às eleições de outubro.
O UOL apurou que o diplomata brasileiro Paulo Pacheco não será recebido pela chanceler do país sul-americano. A função ficará ao secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores do país, que apresentará ao embaixador a queixa formal.
Durante o debate, Bolsonaro afirmou: “Lula apoiou o presidente do Chile também. O mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo o nosso Chile?”.
Em conversa com a reportagem, a chanceler de Boric, Antonia Urrejola, qualificou o ato de Bolsonaro como “gravíssimo” e parte de uma campanha de desinformação.
Antes, num evento público, ela já havia alertado que tal comportamento de Bolsonaro era uma ofensa não apenas ao presidente chileno, mas também ao povo do país sul-americano.
Informações obtidas pela reportagem confirmam que a nota que será entregue para Pacheco vai na mesma direção do comunicado de imprensa que Santiago divulgou, nesta tarde.
“O Governo do Chile considera que as declarações feitas contra o Presidente Gabriel Boric pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante um debate presidencial ontem, são inaceitáveis e não estão de acordo com o tratamento respeitoso devido aos chefes de Estado ou com as relações fraternas entre dois países latino-americanos”, declarou.
“A utilização política da relação bilateral para fins eleitorais, baseada em mentiras, desinformações e deturpações, corrói não apenas os laços entre nossos países, mas também a democracia, prejudicando a confiança e afetando a irmandade entre os povos”, afirma.
Santiago insistiu que, mesmo diante das diferenças, o governo de Boric optou por manter boas relações com Brasília.
“O Presidente Boric declarou publicamente as diferenças que o separam do Presidente Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, salientou a importância de manter boas relações entre os estados do Brasil e do Chile”, disse.
“Além dessas infelizes declarações, o Governo do Chile expressa sua convicção de que nosso país e o Brasil não só têm uma história comum, mas também enormes desafios a enfrentar de forma colaborativa, razão pela qual espera continuar fortalecendo os laços permanentes de amizade e cooperação entre nossos países”, completa a nota.