Dados sobre abstenção eleitoral são inconclusivos
Foto: Thomaz Silva/Agência Brasil
Recorte exclusivo obtido pelo Pulso da última pesquisa presencial Genial/Quaest investiga o perfil das abstenções hoje no país. Uma questão foi bem específica com os entrevistados: “Alguma fez você já deixou de ir votar”?
Responderam “sim” 21% e não, 79%. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 147 milhões de eleitores aptos a votar em 2018, 117 milhões foram às urnas, número que representa a mesma proporção (79%) da encontrada pela pesquisa da Quaest. Como o eleitorado aumentou em 2022 e agora são 156 milhões de eleitores aptos a votar, é possível que as abstenções sejam mais de 29,9 milhões este ano. Veja os números abaixo:
No entanto, uma decisão do TSE de março retirou punições a eleitores que não votaram em 2020 por causa da pandemia de Covid-19. Como consequência, existe ainda uma grande dúvida neste ano sobre qual será o percentual final de abstenções no primeiro turno. Estudiosos se perguntam se a permissão do TSE será suficiente pra reduzir a abstenção.
A falta de informações sobre abstenções é um problema da área no Brasil por ser muito difícil estimar quem realmente vai votar no dia da eleição. Isso acontece — como o Pulso já mostrou em entrevista com o estatístico da Universidade de Michigan Raphael Nishimura —porque o voto é obrigatório no país. Assim, muitos entrevistados não se sentem à vontade para dizer se realmente estão planejando faltar. Nos Estados Unidos, é comum haver estimativas precisas sobre quem realmente vai votar, uma vez que o voto não é obrigatório.
Nessa investigação, recortes da Genial/Quaest mostram existe uma distribuição sem variações entre faixas de renda, escolaridade ou preferências política na relação de 80%/20% que sempre votaram e já deixaram de votar, respectivamente. A pergunta foi feita sobre eleições anteriores e não sobre a intenção para 2022. Dois dados chamam a atenção.
São 17% os entrevistados dizendo que não votaram no passado por causa de viagens, mesma proporção dos que apontam o “desinteresse” como justificativa. O maior contingente, no entanto, de 27%, congrega diferentes motivos, deixando claro que o fenômeno da abstenção no Brasil é multifatorial. Também não é excluída a possibilidade de entrevistados ocultarem o real motivo ao serem entrevistados, uma vez que, mesmo com uma multa leve para quem não votar, o voto continua sendo obrigatório no Brasil e pode inibir respostas por receios naturais durante uma entrevista. Veja os números:
A Quaest perguntou também: “Se o seu candidato não estiver no segundo turno, você ainda irá votar? A adesão é alta e soma 76%, enquanto os que desistirão de ir às urnas representam 21%, um quinto da população.
A pesquisa ouviu 2.000 eleitores entre os dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro da pesquisa é dois pontos percentuais para mais ou para menos e um intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-01167/2022