Ipec: eleitor ignora sabatinas da Globo

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Foto: Arte / Agência O Globo

Não há nada de de novo nos números do Ipec, divulgados nesta segunda-feira no “Jornal Nacional”, em comparação com a pesquisa de duas semanas atrás do mesmo instituto.

Neste sentido, manter uma distância de 12 pontos sobre Jair Bolsonaro (32%) é uma boa notícia para Lula (44%) a 34 dias da eleição.

As 2.000 entrevistas feitas pelo Ipec ocorreram entre a sexta-feira e este domingo. Os efeitos do debate da Band, portanto, só serão possíveis de ser avaliados mais à frente — na quinta-feira, por exemplo, quando sair mais um levantamento do Datafolha. Em compensação, as entrevistas já foram feitas sob o impacto das sabatinas ao “Jornal Nacional”, quando os candidatos a presidente ficaram expostos ao julgamento de uma massa de 40 milhões de brasileiros.

É certo que as participações dos candidatos no JN não foram as únicas atividades da campanha nos últimos 15 dias. Mas é inegável que foram as de maior impacto. Assim, havia uma forte expectativa (misturada com torcida) entre os petistas de que Lula ganharia pontos no Ipec desta segunda-feira, uma vez que na entrevista ele apareceu com um discurso conciliatório, exibindo autoconfiança e zero ressentimento. Já Bolsonaro, ao contrário, mostrou-se irritadiço.

Também não fez efeito até agora a declarada “guerra religiosa” deflagrada pelo bolsonarismo contra Lula. A campanha de Bolsonaro criou demônios imaginários e os lançou sobre o petismo, com Michelle Bolsonaro e uma turma de pastores estridentes no pelotão de artilharia. O QG de Lula que pretendia insistir numa estratégia de só falar de economia, foi obrigado a entrar no espinhoso tema. Ao que parece, o presidente não avançou neste campo. Embora a rejeição de Lula tenha crescido acima da margem de erro de dois pontos da pesquisa. Subiu de 33% para 36% (a de Bolsonaro passou de 46% para 47%). É um dado que merece ser acompanhado com atenção.

A maior das apostas do bolsonarismo para crescer também não se revelou um manancial de votos: os benefícios oriundos da aprovação da PEC Kamikaze, como o Auxílio Brasil de R$ 600. A pesquisa anterior do Ipec foi realizada dias depois de o benefício começar a ser pago. Era irreal imaginar que o ponteiro das pesquisas se mexesse. Agora a situação é diferente. Já se passaram 20 dias da primeira liberação do auxílio. Esperava-se (tanto na campanha de Bolsonaro quanto na de Lula) algum grau de melhora nos números do presidente.

Em resumo, o crescimento de Lula e de Bolsonaro que, sob a ótica de seus assessores, se daria pelo desempenho do petista no JN e pelos milhões de brasileiros que já botaram a mão no Auxílio Brasil mais gordo não virou realidade. Os comandantes das duas campanhas poderão negar, mas o Ipec de hoje lhes frustrou.

No segundo escalão, nada de novo no front. Ciro Gomes (7%) cresceu um ponto. Confirma que o seu eleitor não foi seduzido por um discurso de voto útil no primeiro turno. Simone Tebet (3%) também cresceu 1 ponto. Por enquanto, são números que servem menos para lhes empurrar para a primeira divisão e mais para garantir a existência de um segundo turno. Neste sentido, uma notícia ruim para Lula.

O Globo