Janones vai pilotar redes de Lula
Foto: Cristiane Agostine/Valor
Ex-petista, o deputado federal André Janones (Avante-MG) retirou ontem sua candidatura à Presidência e formalizou apoio ao presidenciável do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Janones deve participar da coordenação política da campanha e atuar na divulgação da candidatura de Lula nas redes sociais.
O candidato do PT recebeu também apoio do Avante, partido de Janones, e do Agir. Com essas alianças, Lula terá nove partidos na chapa.
Janones concorrerá a um novo mandato na Câmara e é uma das apostas do Avante para aumentar os votos do partido e ampliar a bancada federal. Em 2018, elegeu-se com 78,6 mil votos. Na disputa pela Presidência, o deputado tinha apenas 1% das intenções de voto, segundo pesquisa do Datafolha divulgada na semana passada.
Ao justificar a aliança, o ex-candidato disse que Lula formou uma “frente ampla” na disputa presidencial e afirmou que lutará para que o petista vença já no primeiro turno. “A gente não está retirando a candidatura. Ela continua agora na candidatura de Lula”, disse Janones, ao lado do petista. “Lula vai levar nossas propostas adiante”, disse. “Não medirei esforços. Trabalharei diuturnamente para salvar a democracia.”
Janones afirmou ainda que Lula representa a “esperança” e criticou o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. “Vamos ficar livres, se Deus quiser, no primeiro turno”, disse. Para Janones, a “frente ampla que tanto se esperou e alardeou” se consolidou ontem. O deputado lembrou de sua origem humilde, de filho de uma empregada doméstica, e destacou a aliança com o ex-operário.
O parlamentar já foi filiado ao PT, entre 2003 e 2012, e ao PSC, entre 2012 e 2018. Popular nas redes sociais, Janones poderá ajudar a campanha a ampliar a propaganda nas plataformas digitais: ele tem 8 milhões de seguidores no Facebook (mais do que os 5 milhões de Lula), 2 milhões no Instagram (Lula tem 5,6 milhões) e 149,6 mil no Twitter (o petista tem 3,9 milhões). No YouTube tem 1,4 milhão de seguidores.
Janones aumentou sua visibilidade nas redes sociais em 2018, durante a greve dos caminhoneiros, quando promoveu ‘lives’ para debater a manifestação. Na internet, usa um discurso de defesa da população mais carente. Ampliou novamente seus seguidores durante a pandemia, ao fazer campanha por um auxílio emergencial de R$ 600 – como é o valor atual.
Ontem, Lula disse que as demandas apresentadas pelo ex-candidato, como a manutenção do auxílio no valor de R$ 600 e investimentos em políticas públicas de saúde mental, serão contempladas no programa de governo.
Ao receber o apoio de Janones, Lula disse que juntou “a fome com a vontade de comer” e destacou a atuação do parlamentar na defesa da população mais carente. “Com isso fica fácil fazer aliança”, disse.
Lula criticou o empobrecimento da população no país e o aumento da fome, e elogiou Janones por lutar contra esses problemas. “Juntos, nós vamos acabar com a fome desse país”, disse.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que a união dos partidos em torno de Lula é importante para defender a democracia e destacou a popularidade do deputado. “Ele tem atuação muito grande no público popular”, disse. Segundo a dirigente, Janones deve auxiliar na comunicação. “Ele vai integrar a coordenação política e já se dispôs a ajudar nas redes sociais.
O presidente do Avante, Luis Tibé, reforçou esse discurso de união dos partidos em defesa da democracia. “Estamos juntos nessa caminhada.”
Com os dois novos apoios, Lula terá uma aliança com ao menos nove partidos: PT, PSB, PCdoB, Psol, PV, Rede, Solidariedade, Avante e Agir. O apoio do Pros ainda está indefinido, por uma disputa judicial.
Nessa chapa ampla, destaca-se a presença do presidente do Agir, Daniel Tourinho, que fundou o Partido da Juventude (PJ) em 1985, sigla que se transformou no PRN – partido pelo qual Fernando Collor de Mello elegeu-se presidente em 1989. Ontem, ao lado de Lula, Tourinho disse: “Nossas preces foram ouvidas.”
Lula reuniu-se ontem na nova sede da campanha, em Higienópolis, na capital paulista, com Janones; o vice na chapa, Geraldo Alckmin (PSB), os presidentes do PT, Avante e Agir, lideranças partidárias como o ex-deputado Cândido Vaccarezza (Avante) e integrantes da campanha como o ex-ministro Aloizio Mercadante, o prefeito Edinho Silva e o deputado Rui Falcão (PT-SP).