
JN, auxílios e horário eleitoral não afetam pesquisa
Foto: Marcos Correa PR/ Evaristo Sá AFP/VEJA
Marcada mais uma vez por um cenário estacionado na corrida ao Palácio do Planalto, a nova pesquisa Ipec frustrou as expectativas das duas principais campanhas presidenciais. De ambos os lados, havia a previsão de que algo mudasse. Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entrava na conta principalmente seu desempenho no Jornal Nacional. Para o presidente Jair Bolsonaro, a torcida era por resultados da ofensiva junto ao eleitorado evangélico e do avanço dos pagamentos do Auxílio Brasil de R$ 600. Além, é claro, do início da propaganda eleitoral. Mas, no cenário geral, nada mudou.
Os números divulgados ontem mostram exatamente a mesma distância entre Lula e Bolsonaro: 12 pontos. O petista manteve os mesmos 44% do levantamento anterior, enquanto o presidente se segurou em 32%. Na terceira e quarta colocação, Ciro Gomes e Simone Tebet tiveram uma leve oscilação de um ponto, dentro da margem de erro, alcançando 7% e 3%, respectivamente.
A paralisia da disputa é um mau sinal para ambas as campanhas. Faltando apenas pouco mais de um mês até a eleição, Bolsonaro gastou até agora boa parte de suas fichas, com direito a driblar as restrições da lei eleitoral e abrir o cofre do governo às vésperas da votação. O time de Lula, por sua vez, havia determinado como meta acumular a maior vantagem possível até o começo da propaganda eleitoral. Até porque o ex-presidente sempre soube que receberia munição pesada dos adversários a partir desse estágio, em especial sobre temas como a corrupção.
A nova pesquisa Ipec ainda não captou os efeitos do primeiro debate presidencial, realizado na noite de domingo. Combinados, os números do levantamento e a repercussão do confronto na TV forçaram um rearranjo nas duas campanhas.
No time de Bolsonaro, ganhou força a ala que defende que ele evite novas entrevistas e aparições na televisão. A equipe do presidente sabe deve amargar efeitos de ataques como o que atingiu a jornalista Vera Magalhães no debate, por exemplo. A repercussão foi forte e pode jogar por terra pelo menos parte do esforço que vinha sendo feito na campanha para aliviar a imagem do presidente junto ao eleitorado feminino.
Do lado de Lula, há uma certa frustração com o desempenho no debate. Poucas semanas atrás, os que defendiam a ida do petista ao confronto na TV diziam que ele “engoliria” Bolsonaro. Mas ontem, em conversa com a coluna, integrantes da campanha petista admitiram que ele se saiu pior que o esperado diante de perguntas sobre a corrupção. Esperava-se que ele fosse mais enfático. Algo na linha do que ocorreu no JN. Pelo menos, afirmam, Lula foi bem em destacar medidas sociais do seu governo. Mas nada que permita impactar de maneira significativa nas intenções de voto dos indecisos.