Lula e Bolsonaro terão novos comícios em MG

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Foto: Miguel Schincariol/AFP/Mauro Pimentel/AFP

Poucos dias após as últimas incursões por Minas Gerais, os entornos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já articulam novos retornos ao estado. Os aliados mineiros de Bolsonaro se preparam para recebê-lo em Belo Horizonte na quarta-feira (24/8). A ideia é organizar um ato de campanha – ao contrário da última visita dele à capital mineira, na sexta-feira (19), quando participou de um evento institucional: a instalação do Tribunal Regional Federal da 6° Região (TRF-6).

O grupo de Lula, por sua vez, trabalha na viabilização de uma viagem do petista ao Vale do Aço e ao Norte de Minas no início de setembro.

A agenda de Bolsonaro em BH começou a ser articulada na semana passada. Ontem, segundo apurou o Estado de Minas, detalhes como o formato do ato eleitoral, o horário e o local estavam sendo debatidos pelo deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) e pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A tendência é que a programação da nova passagem do presidente pelo município seja divulgada hoje.

Do lado de Lula, as conversas estão em estágio menos avançado, mas, segundo descobriu a reportagem, Ipatinga e Montes Claros são as favoritas para recebê-lo.

Na sexta, quando deixava BH após a posse dos desembargadores do TRF-6, Bolsonaro gravou um vídeo ao lado de Engler e de Nikolas Ferreira (PL), vereador de Belo Horizonte. Nas imagens, os parlamentares garantem a volta do presidente à capital.

“Na quarta-feira, ele volta a BH em campanha. Esperamos todos vocês”, chegou a assegurar o deputado estadual, em direção aos seguidores de suas redes sociais.

Lula também tem falado abertamente sobre o desejo de voltar a Minas. Na quarta-feira (17), um dia antes do comício que reuniu milhares de pessoas na Praça da Estação, em BH, o ex-presidente concedeu entrevista exclusiva ao EM e colocou, justamente, o Norte e o Vale do Aço na lista de localidades que quer visitar antes do primeiro turno.

“Minas tem a diversidade e a complexidade do país. O país é grande, este ano a campanha é muito curta, e esta é uma eleição para selar o compromisso dos brasileiros com a democracia, com a paz, com a inclusão social, com nossa soberania e independência”, disse.

Os planos do líder petista vão ao encontro do que tem dito o correligionário Reginaldo Lopes, deputado federal e coordenador da campanha presidencial do PT em Minas. Ele é um dos responsáveis por articular as ações em prol de Lula no estado.

Na Praça da Estação, Lula relembrou os périplos que fez por Minas em anos anteriores. Ele chegou, inclusive, a citar o comício que encerrou sua primeira campanha presidencial, em 1989. Belo Horizonte sediou o evento.

“Nunca visitei um estado como já visitei Minas. Já fui muitas vezes aos vales do Aço e Mucuri. Até universidades fiz lá. Tenho adoração pelo Vale do Jequitinhonha. Já fui ao Vale do Rio Doce, ao Norte e ao Sul de Minas”, garantiu.

As viagens por Minas servirão, também, para impulsionar, no interior, a candidatura de Alexandre Kalil (PSD) ao governo. Ele disputa o pleito com o apoio do PT e tem o deputado estadual André Quintão, colega de partido de Lula, como postulante a vice. O senador Alexandre Silveira, também filiado ao PSD, concorre à reeleição com o endosso dos petistas.

Ipatinga, que deve estar na rota de Lula, aliás, é uma das principais bases da atuação de Silveira.

A edição de ontem do EM mostrou que, segundo o Instituto F5 Atualiza Dados, em Minas, Lula tem 43,4% das intenções de voto, contra 33,9% de Bolsonaro (registros MG-04382/2022 e BR-08433/2022 junto à Justiça Eleitoral). Apesar da vantagem de 9,2 pontos do petista, a distância entre ele diminuiu em comparação ao fim de julho, quando o petista aparecia com 44,8%, ante 31,5% do presidente.

Se, de fato, desembarcar em BH nesta semana, será a sexta vez, em cerca de um mês, que o presidente cumpre compromissos em Minas. Em julho, o liberal passou por Uberlândia, no Triângulo, e por Juiz de Fora, na Zona da Mata. Neste mês, além do retorno à cidade em que sofreu um golpe a faca na campanha de 2018 e da participação na instalação do TRF-6, Bolsonaro esteve, ainda, em Montes Claros.

Após não conseguir fechar acordo com o governador Romeu Zema (Novo) para a montagem de um palanque, Bolsonaro deu aval a uma candidatura própria do PL ao Palácio Tiradentes. Assim, o senador Carlos Viana, que tinha o desejo de estar no páreo, foi autorizado a articular a sua chapa.

Embora parte dos liberais nutram o desejo de apoiar Zema, o presidente da República deu respaldo público a Viana na semana passada.

“Não fechei com ele porque passou a ter um candidato a presidente cujo vice, a cada três palavras, bate em mim em duas. Zema, não tem condições, não vou fazer nada contra você, até porque isso é da minha consciência. E vou ter o Carlos Viana aqui; e não é um franco-atirador. Tem potencial, caso chegue, de fazer um bom governo também”, disse o presidente, à “Rádio 98 FM”, de BH.

A chapa presidencial do Novo, citada por Bolsonaro, é encabeçada por Felipe d’Avila, a quem Zema prega lealdade. O candidato a vice é o deputado federal mineiro Tiago Mitraud, que no ano passado declarou apoio ao impeachment do chefe do Executivo federal.

Em Minas, o PL fechou acordos com o PRTB e com o Republicanos, que indicou Wanderley Amaro, coronel reformado da Polícia Militar, para ser o vice de Viana. O percurso do senador após o aval de Bolsonaro à construção da candidatura, porém, foi marcado por reviravoltas. Viana chegou a anunciar um acordo com o União Brasil pelo posto de vice e citou o deputado federal Bilac Pinto como seu predileto para a vaga. O União, contudo, resolveu adotar a neutralidade. Um acordo com o Democracia Cristã (DC) também foi tornado público, mas, segundo a base de dados da Justiça Eleitoral, a legenda está no arco de alianças de Zema.

Na terça-feira (16), em Juiz de Fora, quando Bolsonaro fez o primeiro comício da campanha deste ano, Viana sequer falou. O deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC), candidato ao Senado com o apoio do presidente, no entanto, pôde conversar com a plateia.

“Para evitar atrasos na agenda do presidente, somente ele e a esposa falariam. Cleitinho pediu e foi atendido com o microfone por um minuto. Depois que Bolsonaro saiu outros candidatos se manifestaram livremente”, falou o candidato a governador, ao explicar a decisão de não discursar.

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