Michelle Bolsonaro: de secretária a “primeira dama”

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Foto: AFP

Michelle, 40, e Jair Bolsonaro, 67, completarão 15 anos de casados neste ano. Os dois se conheceram em 2007, quando ela atuava como secretária na liderança do PP na Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro. Filiado à época ao mesmo partido, o então parlamentar a convidou para trabalhar em seu gabinete na Casa.

Uma das condições impostas por Michelle para que o relacionamento se tornasse sério era que os dois se casassem no papel. Ela também o convenceu a reverter a vasectomia que havia feito, pois desejava ser mãe novamente.

Em 28 de novembro daquele mesmo ano, Michelle e Bolsonaro oficializaram a união no civil. A festa do casamento, contudo, só viria a acontecer em 21 de março de 2013, no dia do aniversário de Bolsonaro. A cerimônia religiosa foi celebrada pelo pastor Silas Malafaia e reuniu 150 convidados, no espaço de eventos Mansão Rosa, no Alto da Boa Vista, na zona norte do Rio de Janeiro.

À época, o casal estampou a capa da revista Festejar Noivas RJ, que publicou fotos do casório e juras de amor entre os dois.

“Tudo começou quando nos vimos pela primeira vez no gabinete do Jair. Não demorou muito para termos certeza que queríamos dividir uma vida a dois. Após seis meses de namoro, aconteceu o pedido de noivado e três meses depois nos casamos no civil. Esperamos o momento certo para receber a benção de Deus e escolhemos propositalmente a data da celebração no religioso, dia 21 de março, data de aniversário do Jair e no dia 22 seria o meu. Um amor que foi conquistado aos poucos. Mas hoje posso dizer, sem dúvidas, que ele é meu grande amor. Nossa história se resume na letra desta canção”, escreveu Michelle.

Ela se referia à música “Grande amor”, reproduzida na mesma página, sucesso na voz do cantor gospel Kim, da banda Catedral.

Bolsonaro, por sua vez, relembrou da ocasião em que começaram a namorar até o período em que formaram uma família.

“A Michelle estava a 10 metros de mim e não enxergava, pois vivia um momento em que tudo parecia não dar certo. Resolvi então novamente buscar a felicidade e me aproximei dela. Deste relacionamento brotou um sentimento que me fez voltar aos tempos de cadete da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende. Tudo passou a ser diferente, a esperança e a alegria de viver brotaram de tal forma que até hoje ainda me pergunto se tudo isso é verdade. Da nossa união nasceu aquilo que materializa uma família, onde o respeito e o amor nos deram nossa filha Laura”, disse o então deputado à revista.

Nascida em Ceilândia (DF), Michelle à época já era mãe de Letícia, hoje com 19 anos, fruto de um relacionamento anterior. Após casar com Bolsonaro, teve Laura, de 11 anos, a quinta herdeira do presidente da República, que enumera seus filhos de 01 a 05. Na ordem, os mais velhos: o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Jair Renan Bolsonaro. Os três políticos são filhos da primeira mulher de Bolsonaro, enquanto Renan do segundo relacionamento.

Em 2017, no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, Bolsonaro fez um comentário machista sobre sua filha com Michele: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens; a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”. A “fraquejada” é Laura, a caçula.

Oficializado o enlace, Michelle e Bolsonaro estabeleceram residência em uma casa em condomínio fechado na Barra da Tijuca (RJ). A permanência da família na capital fluminense duraria até o fim de 2018, quando o ex-capitão da reserva do Exército fora eleito para o Planalto.

O casamento com Michelle marcou também uma mudança na trajetória política do ainda deputado Bolsonaro, que, na eleição do ano seguinte, obteve 460 mil votos para mais um mandato na Câmara —nas disputas anteriores, sem o voto evangélico, foi eleito com média de 100 mil votos. Quando o casal se mudou para a residência da Barra, Michelle passou a frequentar a igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, de Malafaia.

No mesmo bairro carioca, o casal costumava ir à praia, em frente ao condomínio, e à pizzaria Fratelli, onde comia massa e tomava apenas sucos e refrigerante.

A ruptura política entre Bolsonaro e bispo, em 2016, levou Michelle a frequentar a Igreja Batista Atitude, em que passou a atuar traduzindo cultos na Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Durante grande parte da disputa pelo Planalto, em 2018, Michelle não se envolveu ativamente na campanha de Bolsonaro. Sempre com postura discreta, ela acompanhava o marido somente nos bastidores.

Sem perfil ativo nas redes sociais à época, não teve seu nome mencionado nem mesmo na biografia “Mito ou Verdade”, escrita pelo enteado Flávio Bolsonaro. Supostamente, uma estratégia para preservar a sua imagem.

Ao ouvir de assessores que ela poderia ajudar a reverter sobre o marido os rótulos de misógino e machista, Michelle desconversava. “Por mim, ele nem seria candidato. Só vai ser por uma causa nobre”, disse ela. Durante a pré-campanha, ela também procurou afastar os políticos da residência do casal.

Os encontros e reuniões eram feitos na casa ao lado, de Carlos, filho de Jair. No dia 5 de setembro daquele ano, Bolsonaro fez uma homenagem à mulher. Após percorrer em carreata a cidade natal dela, pegou o microfone e perguntou: “Vamos ter uma primeira-dama de Ceilândia ou não vamos?”.

Publicamente, Michelle e Bolsonaro colecionam momentos que vão desde agradecimentos, troca de elogios, comemorações e constrangimentos.

Uma das saias-justas ocorreu em novembro do ano passado, num evento no Palácio do Planalto, em que Bolsonaro disse ter dado um “bom dia muito especial” à primeira-dama, numa provável insinuação sobre a vida sexual do casal.

“Bom dia a todos, menos para a primeira-dama, porque eu já dei um bom dia muito especial para ela hoje”, disse Bolsonaro, rindo. “Acredite se quiser”, continuou ele, sob risos tímidos da plateia. Na sequência, a câmera mostrou Michelle, que acompanhava o evento ao lado do marido, aparentemente constrangida com o comentário.

Após a fala sobre a esposa, Bolsonaro prosseguiu normalmente com seu discurso.

Meses antes, o presidente também dirigiu uma piada embaraçosa a Michelle ao ironizar a informação de que o governo gastou R$ 1,8 bilhão em compras de alimentos, incluindo latas de leite condensado. “Deu barriga o leite condensado?”, perguntou Bolsonaro à primeira-dama, conforme vídeo divulgado pelo jornalista Samuel Pancher.

Apesar dos deboches, Bolsonaro costuma elogiar a primeira-dama diante de seus apoiadores. Ao ouvir de um homem o agradecimento pelo trabalho da mulher a favor de pessoas com deficiência, o mandatário afirmou que “ela faz isso de coração”, e “não é para vender imagem”.

Diferentemente da Michelle resguardada de quatro anos atrás, a primeira-dama tem ganhado cada vez mais protagonismo ao lado de Jair Bolsonaro (PL).

Uma das demonstrações mais recentes foi o discurso religioso evocado por ela durante o lançamento da chapa Bolsonaro-Braga Netto, em 24 de julho, no Maracanãzinho (RJ). Em uma fala de mais de 12 minutos, Michelle, dentre outras coisas, disse que o marido “é um escolhido de Deus”.

Na terça-feira (16), durante o primeiro comício de sua campanha, em Juiz de Fora (MG), Bolsonaro retribuiu o afago e exaltou a esposa momentos antes de ela se pronunciar. “Geralmente as pessoas mais importantes é [sic] que falam por último. A pessoa mais importante deste momento não é o presidente da República, não é o candidato, é a senhora Michelle Bolsonaro”, disse o candidato à reeleição, em cima de um trio elétrico na praça em que foi esfaqueado em 2018.

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