Pela terceira eleição Ciro não consegue aliados
Foto: AFP
Sem conseguir fechar alianças a 11 dias do início da campanha, o candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, vai anunciar hoje o nome da sua candidata a vice-presidente. Ele já deixou claro que a vaga ficará como uma mulher. Esta é a terceira vez que a dificuldade de atrair outros partidos para o seu palanque obriga o presidenciável a entrar numa corrida ao Palácio do Planalto como cabeça de uma chapa pura, ou seja, composta por dois nomes da mesma legenda.
O posto de vice costuma ser o principal trunfo de postulantes a cargos executivos para conquistar apoios. Sem alternativas para além de sua relação de filiados, o PDT anunciará a escolhida hoje em Brasília. Cincos pedetistas estão entre as mais cotadas: a senadora Leila Barros (DF); a ex-reitora da USP Suely Vilela (SP); a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos (BA); a vice-prefeita de Recife, Isabella de Roldão (PE), e a ex-deputada federal Sueli Vidigal (ES). Também já foram especulados os nomes das deputadas estaduais Martha Rocha (RJ) e Juliana Brizola (RS).
Ao chegar numa reunião do partido ontem, em São Paulo, Ciro reiterou o plano de ter uma companheira de chapa.
— Eu poderia dizer mais uns cem nomes, porque nós do PDT empoderamos as mulheres — afirmou o presidenciável à CBN.
Inicialmente tida como favorita, Leila Barros chegou a ser sondada para ocupar a vaga. Ela já avisou ao partido, porém, que prefere concorrer ao governo do Distrito Federal e deverá ter a candidatura ao executivo local oficializada hoje. Isabella de Roldão é a primeira mulher a ocupar a vice-prefeitura de Recife. Coordenadora da campanha de Ciro em Pernambuco desde junho, ela vem dizendo nas redes sociais que vai disputar uma vaga de deputada federal.
Já o nome de Ana Paula Matos vem sendo defendido por uma ala do partido por ela ser a única mulher negra cotada para a vaga, o que traria mais representatividade à chapa. Além disso, a opção por Ana Paula pode abrir um canal de diálogo com o ex-governador ACM Neto (União), que vem se mantendo equidistante dos presidenciáveis. Ele foi um dos principais cabos eleitorais de Bruno Reis, prefeito de Salvador, e cabeça da chapa formada com Ana Paula Matos.
Outra personagem especulada, Suely Vilela se filiou ao PDT em março deste ano. Ela foi a primeira mulher a ser indicada à reitoria da USP, cargo que ocupou de 2005 a 2009. Há ainda no páreo a ex-deputada federal Sueli Vilela, mulher de Sergio Vidigal, prefeito da Serra, segunda maior cidade do Espírito Santo. Assim como Isabella de Roldão, ela afirma que vai disputar a Câmara Federal.
Juliana Brizola afirmou ao GLOBO, por meio de sua assessoria de imprensa, que não será vice de Ciro. Ontem, o próprio presidenciável citou a deputada fluminense Martha Rocha como uma das possibilidades. Delegada da Polícia Civil fluminense, ela é um dos quadros mais importantes do partido no Rio de Janeiro. Nada impede, entretanto, que os caciques PDT optem por um quadro da sigla que está fora do radar das bolsas de apostas.
Esta é a quarta vez que Ciro Gomes concorre à Presidência. Depois de disputar o Planalto em 2018, 2002 e 1998, ele anunciou recentemente que não vai mais se candidatar ao Executivo federal caso não seja eleito neste ano. Em apenas uma eleição Ciro conseguiu montar uma chapa com um vice de outro partido. Foi em 2002, quando teve como companheiro o deputado federal Paulinho da Força, na época filiado ao PTB. Atual presidente do Solidariedade, o parlamentar é um dos apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desafeto do pedetista.
Já em 2018 e em 1998, Ciro encabeçou chapas puras. Na última eleição, sua vice era a senadora Kátia Abreu, à época no PDT. Na ocasião, eles só conseguiram apoio do Avante, anunciado na véspera no último dia das convenções.
Duas décadas antes, o companheiro de chapa do pedetista foi o ex-deputado Roberto Freire, quando ambos estavam no PPS. De acordo com Freire, a decisão de escolher um vice da mesma sigla partiu do próprio Ciro, que conseguiu atrair apenas duas legendas para seu palanque: o PL e o nanico PAN (Partido dos Aposentados da Nação, que acabou sendo incorporado pelo PTB em 2006).