PGR dá indício de pular fora de Bolsonaro

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Foto: Sérgio Lima

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que quem vencer as eleições de outubro vai tomar posse. Segundo ele, caso o presidente Jair Bolsonaro (PL), que é candidato à reeleição, não aceite o resultado do pleito, isso vai significar uma “afronta à democracia”.

“Nem quero crer que após 1º de janeiro, se o presidente não lograr êxito da reeleição, ele permaneça no Palácio do Planalto ou da Alvorada, porque isso seria uma afronta à democracia. O que nós temos no Brasil é uma retórica política própria de cada candidato. E nós procuramos sempre distinguir a retórica política do discurso jurídico”, disse. Continuou: “Quem ganhar a eleição vai tomar posse, é o que nós esperamos”.

As declarações aconteceram durante uma entrevista a correspondentes estrangeiros, em 9 de agosto, que foi divulgada ontem no canal do YouTube de Aras.

O PGR disse ainda não estar preocupado com a possibilidade de algum candidato não aceitar o resultado das eleições, pois o país vive um clima de normalidade democrática. “Dentro do clima de normalidade democrática, que eu acredito que nós teremos em qualquer situação, não nos preocupa o que vai acontecer, porque as instituições brasileiras estão todas elas comprometidas com o processo democrático, ciosas da responsabilidade com o país.”

Aras é considerado próximo a Bolsonaro e costuma ser criticado por não agir para investigar o chefe do Executivo. Nas últimas semanas, a assessoria do órgão tem divulgado vídeos com posições do PGR sobre temas que estão em voga.

O primeiro deles foi em defesa da Justiça Eleitoral, após a reunião com embaixadores em que Bolsonaro levantou falsas suspeitas sobre o processo eleitoral e as urnas eletrônicas. O encontro aconteceu no dia 18 de julho.

Na semana passada, o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o presidente devido aos ataques. Ele solicitou que os vídeos da reunião sejam excluídos e que Bolsonaro seja multado por propaganda antecipada.

Ontem, representantes dos três Poderes participaram de uma cerimônia, ao lado de Aras, em comemoração aos 20 anos da sede da PGR e em homenagem ao ex-PGR Geraldo Brindeiro, morto em outubro de 2021. Compareceram ao evento o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli; o ministro da Justiça, Anderson Torres; entre outros.

Valor Econômico