Tebet e Mara esquecem Bolsonaro e atacam PT
Foto: MDB
A candidata à Presidência pelo MDB, senadora Simone Tebet (MS), e sua vice na chapa, senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), atacaram o PT ontem, durante o anúncio da chapa conjunta. Tebet acusou o PT de tentar boicotar sua candidatura e criticou o partido por agir de forma “antidemocrática” ao buscar a vitória no primeiro turno do ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva. Já Gabrilli resgatou a morte do ex-prefeito Celso Daniel (PT), em 2002, e vinculou o assassinato ao partido de Lula, mesmo depois de a Polícia Civil ter concluído que foi um crime comum, e não de mando, e investigações sobre o caso terem sido arquivadas.
Tebet e Gabrilli formalizaram a chapa em evento na capital paulista. A presidenciável disse que ainda busca apoio do Podemos.
A candidatura tem como lema o “amor e coragem” e destaca o fato de ser uma chapa 100% feminina, para tentar ganhar visibilidade e sair dos 2% das intenções de voto. O ato teve a presença de dirigentes do MDB, PSDB e Cidadania, que compõem a chapa, e foi marcado por comentários feitos por homens sobre a aparência das senadoras, “amor”, “doçura” e “romantismo” das mulheres.
Tebet reclamou do fato de sua candidatura ser vista como “fraca” e sem viabilidade. “[Foi] Exposta como café com leite, como uma candidatura fraca, que não ia chegar lá, que seria derrubada dentro e fora do meu partido. Pois bem, chegamos aqui, porque coragem não me falta”, disse. “Nunca me vitimizei. Não faço lamento das pedras que tenho que derrubar pelo caminho. Mas nada é fácil para mulher no Brasil, e nada é fácil para mulher na política no Brasil. Sei o que tive que enfrentar.”
A candidata disse que será uma “voz moderada” na disputa entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Tebet não citou diretamente Bolsonaro, mas disse que um governo que não tem capacidade de gestão cria crises artificiais. No entanto, reforçou as críticas ao PT.
“Não serve o presidente que aí está e não serve o presidente do passado, porque também de forma antidemocrática quis o PT puxar o tapete da nossa candidatura”, afirmou. “Democracia se faz no diálogo, no debate, no enfrentamento de ideias, não querendo ganhar no tapetão ou logo no primeiro turno”, disse.
No mês passado, antes da convenção do MDB, uma ala do partido declarou apoio a Lula. O grupo lulista diz que 11 diretórios estaduais estão com Lula e tentou, sem sucesso, adiar a convenção da sigla.
Gabrilli lembrou de sua trajetória como vereadora e deputada, e da militância em defesa das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Tetraplégica há 28 anos, depois de sofrer um acidente de carro, a senadora descreveu as dificuldades enfrentadas. Tebet acompanhou o discurso com lágrimas nos olhos. “Tenho coragem de dizer que eu tenho gratidão por ter quebrado o pescoço. Porque nunca me faltou nada nessa trajetória”, disse. “Não existe limite quando se tem liberdade, amor, coragem e noção do que é inclusão.”
Gabrilli não citou o nome de Bolsonaro, mas disse que o presidente desdenha da população. Na sequência, falou sobre sua vida para atacar o PT e citar a morte de Celso Daniel. Disse que seu pai, um empresário de Santo André, cidade que foi comandada por Daniel, foi extorquido pelo partido e vinculou a morte do ex-prefeito a petistas. No entanto, a Polícia Civil afastou a motivação política da morte, em dois inquéritos.
No lançamento da chapa, o senador José Serra (PSDB-SP) pediu o microfone. “É só para chamar a atenção sobre como elas estão bonitas hoje. [Elas] Se produziram. É uma coisa que eu presto atenção. E o Tasso presta muita atenção”, disse.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) destacou a “doçura” das parlamentares e disse que a chapa traz a mensagem de que só a ternura das mulheres é capaz de vencer a campanha de “brutalidade, violência e ódio”. “Só o amor e a docilidade da mulher podem novamente unir esse país”, afirmou. Ao citar Elena Landau, responsável pelo programa econômico de Tebet, comentou: “Às vezes [ela é] um pouco rebelde, mas a gente controla.”
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, falou sobre o “romantismo” das mulheres. “Temos uma chapa de coragem e que vai propor ao Brasil que volte a ter o amor. Sei como é difícil para nós, homens, porque fomos criados para não ter romantismo, de não ter gentileza, para ter dificuldade de falar de amor. Mas mulher sabe falar e vai saber falar.” Freire disse que a chapa mostra a “mudança efetiva na sociedade”. Em nenhum momento, porém citou que o país elegeu duas vezes uma mulher, a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014.
Não faltou a defesa de “cota para homem”. “Tivemos a sabedoria de dizer que as cotas não eram das mulheres era de gênero, talvez já imaginando isso, que os 30% talvez pudessem cair para nós”, afirmou Freire. Presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo também defendeu cota para homens, em tom de ironia. “Precisamos arrumar homem. Vocês vão dar uma cota de 20% para nós.”