Bolsonaro é vaiado em estádio de futebol no Rs
Foto: Richard Ducker/DiaEsportivo/Agência O Globo
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) foi à Arena do Grêmio, em Porto Alegre, na noite desta sexta-feira (2), para assistir ao jogo entre Grêmio e Vila Nova, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
O presidente estava em um dos camarotes e foi notado ao se aproximar do parapeito para ouvir o hino nacional.
Bolsonaro foi vaiado e insultado por parte da torcida nas cadeiras inferiores. Outro grupo aplaudiu, e houve gritos de “mito”.
Em seguida, ele acompanhou o restante da partida ao lado do vice Hamilton Mourão (Republicanos).
Cercado de apoiadores durante visita à Expointer, mais cedo, Bolsonaro havia dito a repórteres que iria ao jogo “representar o Renato [Portaluppi]”, de quem é amigo.
Renato está prestes a assumir o Grêmio pela quarta vez, após a demissão do técnico Roger Machado, na quinta-feira (1º), mas só o fará na segunda-feira (5). Bolsonaro brincou com o fato de assistir ao time antes de o técnico estar na casamata.
“Falei com o Renato por telefone e infelizmente ele não vai estar presente. Vou tentar, lá dentro, dar moral para o time porque o Grêmio tem que subir, para o bem do futebol brasileiro”, disse o presidente à Rádio Gaúcha.
Em julho de 2019, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, na Folha, Renato se revelou eleitor e apoiador do presidente, bem como do ex-ministro Sergio Moro. Declarou também ter votado em Wilson Witzel (PSC) para governador.
“Votei nele [Bolsonaro]. É meu presidente. O Bolsonaro e o Sergio Moro são pessoas do bem que querem o bem do Brasil. Na minha opinião, quem é contra esses caras é contra o crescimento do Brasil”, disse o técnico na ocasião.
Em julho de 2021, ao assumir o Flamengo, Renato voltou a se manifestar em apoio ao presidente. Em um vídeo para cumprimentar o vice-presidente e flamenguista Mourão, Renato diz “estamos juntos, sempre. Junto com o homem, com o nosso mito”.
Nestas eleições, Renato gravou um vídeo em apoio ao vice-presidente, que concorre ao Senado no Rio Grande do Sul, de quem se disse “um grande amigo”.
Embora tenha ocorrido pelos maus resultados de campo, a troca no banco de reservas do Grêmio também acaba por apresentar uma mudança ideológica.
Roger, durante período em que não treinava o clube, gravou vídeo em apoio a Manuela D’Ávila (PCdoB) nas eleições municipais de Porto Alegre em 2020.
O técnico também falava abertamente sobre temas progressistas e politicamente espinhosos, como o racismo no futebol. Em entrevista à Folha em abril passado, Roger disse que o comportamento de Bolsonaro fazia com que torcedores racistas se sentissem autorizados a agir dessa forma.
“Os indivíduos [racistas] que estavam escondidos se sentem autorizados a se manifestar segundo as posturas e pontos de vista do líder da nação [porque estes] são convergentes”, disse o treinador à época.
O clube vive fase conturbada dentro e fora de campo. Além do técnico Roger, o time demitiu na quinta-feira (1º) o vice-presidente de futebol, Denis Abrahão, e o diretor de futebol Sérgio Vasques.
Após abrir dez pontos para o quinto colocado na Série B, o Grêmio somou duas derrotas e, antes do jogo desta sexta, estava com três pontos de vantagem para o quinto colocado, o Londrina. A quarta posição é a última que dá acesso à Série A de 2023.
Fora de campo, o Grêmio terá eleições presidenciais em novembro. Romildo Bolzan, que é ex-presidente do PDT gaúcho, chegou a ser convidado pelo partido a concorrer ao governo do estado nas eleições de 2022, mas declinou.
Romildo é presidente do Grêmio desde 2014 e conquistou nove títulos –sete deles ao lado de Renato, incluindo a Libertadores de 2017–, mas chega ao fim do seu terceiro mandato contestado pela torcida. Após a saída de Renato, em abril de 2021, outros quatro técnicos fracassaram no comando do clube, que foi rebaixado ao final do ano.