Campanha de Lula prepara vídeos para evangélicos

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Foto: Isaac Fontana/CJPress

A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará uma nova ofensiva para conquistar o eleitorado evangélico. A coligação do PT vai passar a exibir nas redes sociais depoimentos de integrantes do segmento religioso dizendo a razão pela qual vão votar no petista.

A ideia é colocar evangélicos falando para evangélicos. Os depoimentos em vídeo estão em fase de coleta e serão publicados no TikTok, YouTube, Instagram — canais específicos para este segmento foram criados. Nas gravações, os religiosos petistas listarão argumentos pontuando as razões que os levaram a aderir a Lula, citando feitos das gestões do ex-presidente.

A estratégia, em princípio, é específica para redes sociais, mas também poderá ser usada em programas de TV. Outros conteúdos, como cards e mensagens religiosas, também estão sendo distribuídos em grupos de WhatsApp e Telegram.

O segmento evangélico é um dos poucos em que o ex-presidente aparece em desvantagem em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas eleitorais. De acordo com o Datafolha divulgado na quinta-feira, o chefe do Executivo tem o apoio de 48% dos eleitores neste estrato, enquanto Lula marca 32%.

No cálculo do PT, dez milhões de fiéis declaram voto no ex-presidente. A avaliação dos estrategistas é que são estas as pessoas que podem trabalhar para convencer evangélicos indecisos a aderir a Lula, pela possibilidade de estabelecer uma comunicação mais efetiva do que cabos eleitorais de outros credos. Sem estes votos, admitem petistas, será impensável cogitar uma vitória em primeiro turno.

A nova abordagem da campanha de Lula demonstra uma mudança de estratégia. Inicialmente, o PT era refratário a fazer ações de campanha específicas para os evangélicos, para não se deixar pautar pelo discurso religioso de Bolsonaro. O foco era ganhar votos falando de economia, fome e desemprego, problemas que também afetam eleitores do segmento. Diante do apelo constante do titular do Palácio do Planalto ao eleitorado, o PT se viu obrigado a rever esse entendimento.

O comando da campanha se reuniu na sexta-feira, em São Paulo, para alinhar novas ações para atrair o setor. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, designou Paulo Okamotto, aliado de Lula e diretor do instituto que leva o nome do ex-presidente, e o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, para serem os interlocutores entre o comitê evangélico e a coordenação-geral da equipe de Lula.

— Temos que trabalhar com pastores, missionários e membros da igreja que estão com Lula. Eles pediram mais informações sobre Lula, e é isso que estamos oferecendo, conteúdo de campanha — afirma o ex-governador do Piauí Wellington Dias, integrante da coordenação de campanha.

Nesta semana, pessoas contratadas pela campanha do PT começaram distribuir em diferentes cidades panfletos que mesclam versículos bíblicos e mensagens políticas, com informações como a de que Lula sancionou as leis de liberdade religiosa e que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus, assim como a ex-presidente Dilma Rousseff criou o Dia Nacional do Evangélico. A campanha não quer panfletagem em porta de igrejas e próximo a templos. A orientação é que a distribuição deste material se concentre em locais de grande circulação, como estações de metrô. Na sexta-feira, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, Lula e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), vão participar de um encontro com evangélicos.

O PT também está reunindo dados para mostrar que durante as gestões petistas aumentou o número de igrejas católicas e evangélicas no país. Criado para o segmento, o site Restitui Brasil, com as cores azul e amarelo, tem o aviso na tela inicial: “Não votamos em quem destrói nossas famílias e usa do evangelho para querer armar o Brasil.” Além de frases bíblicas, o site pontua que os inimigos da família são a fome, o desemprego, a violência contra os jovens e contra as mulheres.

O Globo