Dancinha pró-maconha bomba no TikTok

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Foto: Reprodução

Candidatos a deputado federal têm apostado em slogans criativos e dancinhas no TikTok para defender a legalização da maconha, de olho na conquista do eleitorado progressista. Dário de Moura (Psol-MG), por exemplo, lançou uma paródia do rap “Rap da felicidade”, de Cidinho e Doca, e uma coreografia para pedir o “Legalize já” e “Maconheiro, aperte o verde”.

No vídeo, o candidato faz uma menção ao que chama bancada BBB do Congresso Nacional, segundo ele, composta pela turma do “boi” (com integrantes ruralistas e ligados ao agronegócio), da “bala” (ligados à segurança pública) e “bíblia” (evangélicos). Moura defende a formação da “bancada da maconha”: “Boi, bala e Bíblia, isso só nos envergonha. Agora queremos ver a bancada da maconha”, diz a letra.

 

@dario_4e20 Jingle no ar pra te lembrar que…”🍁🍁🍁🍁 não deixe pra depois, aperte o verde 5042!”Produção musical: @faew_faew Voz: @russoapr @tita_delira @faew_faew Letra: @matheusnrocha Coreografia: @jhgoomes e @jenni_goomes #Dario5042 #MinasGerais #Passinho ♬ som original – Dário de Moura

No Rio, André Barros (Psol-RJ), que também concorre a uma cadeira na Câmara, pede votos a quem fuma maconha, como a quem toma o óleo à base da cannabis, usado no combate a algumas doenças. Ele também se dirige aos brasileiros que gostariam de vender a droga de forma legal no país. O candidato aparece no vídeo rodeado por plantas de cannabis.

Na avaliação das campanhas, o assunto tem forte potencial de viralização nas redes sociais, por isso os candidatos recorrem a formatos mais leves, como dancinhas no TikTok.

— Hoje, o ouro verde é um mercado multibilionário. A corrida (pela maconha) é uma realidade mundial e o Brasil está superatrasado — afirmou Barros ao GLOBO, que diz ter cunhado a expressão “ouro verde” para se referir à Cannabis. — Estamos deixando de plantar no Brasil, fabricar e comercializar produtos no país e, assim, de arrecadar bilhões e de gerar empregos.

Já em São Paulo, o candidato conhecido como Santo Legaliza (Psol-SP) pede “o fim da guerra às drogas e do encarceramento em massa” em sua propaganda eleitoral. Em comum, os três concorrentes disputam uma vaga na Câmara em seus estados e levam o mesmo número à urna.

— A legalização da maconha tem uma importância gigantesca para o nosso país, primeiro por ser um ato de combate ao racismo. A cultura da cannabis no Brasil está historicamente ligada às nossas origens africanas, e por esse motivo sua proibição, assim como foi com a capoeira e o samba, sempre foi destinada a servir como ferramenta de controle dos corpos negros. Legalizar pode ser, então, um marco antirracista, diminuindo a violência e libertando muita gente — disse o candidato.

 

Organizadora da Marcha da Maconha em Fortaleza, a candidata à deputada federal Elayne Carvalho (PDT-CE) sobrepôs imagens de campanha com uma música que remete à luta pela legalização. “Aperta o verde, tira onda”, diz trecho da letra, cantada em ritmo de rap.

 

Entre as pautas dos candidatos que pretendem formar a “bancada da maconha”, figura a possibilidade de descriminalizar substâncias como Tetrahidrocanabinol (THC) e Canabidiol (CBD) para fins medicinais. Permitir a plantação e a venda da Cannabis para fins recreativos também está no radar.

O CBD, inclusive, é testado no tratamento de pelo menos vinte doenças, como mostrou O GLOBO. Quase três anos após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a liberar venda de medicamentos à base de Cannabis em farmácias, o uso medicinal ainda esbarra em dificuldades. Um deles é, justamente, o alto preço das substâncias, mas vai além, com a proibição à produção caseira para consumo pessoal.

O Globo