Ex-ministro sanfoneiro foi chantageado por estuprador
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Acusado de crimes sexuais por ao menos 11 mulheres, o empresário Thiago Brennand Fernandes Vieira, 42, afirmou que o ex-ministro Gilson Machado (Turismo) é corrupto, em áudio recheado de palavrões e ameaças que enviou a ele em maio de 2020.
“Você é frouxo, não segura a onda de ninguém, entendeu? É corrupto, vai meter a mão no dinheiro, só ajuda quem você acha que pode estar ali com você numa coisa legal”, diz trecho do áudio, obtido pelo Painel.
Membro de uma influente e tradicional família pernambucana, Brennand cobra do destinatário da mensagem, que também tem origem no estado nordestino, que o ajude a ter acesso ao governo de Jair Bolsonaro (PL).
Na época, Machado era presidente da Embratur, cargo que assumiu antes de ir para o Ministério do Turismo. Atualmente, ele disputa o Senado de Pernambuco pelo PL.
“Nunca me passaste o telefone do presidente, vagabundo. Eu tinha por outras vias, otário”, afirma o empresário.
No áudio, recheado de palavrões, Brennand cita que estaria interessado em um “negócio americano”, sem explicar do que se trata. Sua família é dona de hospitais em Pernambuco.
Ele também ameaça fisicamente Machado, chamando-o de “traidor”. “Eu pego tu, bicho. Dentro de Brasília, pelo cabelo. Arranco teus óculos da cara. Meto-lhe a mão no pé do ouvido”, afirma.
Em determinado trecho, Brennand também insinua que Machado não teria “nível” suficiente para “terminar a vida bem” como outros políticos que “fazem merda”. Cita o ex-presidente Fernando Collor (PTB), o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), morto em 2014.
“Tu é um bosta, rapaz, igual a tantos outros que já apareceram nessa República. E sabe qual é o teu destino? É o dos outros, é tomar no cu. Porque os caras que têm algum nível, mesmo fazendo merda, terminam a vida bem. Eu lhe dou 200 exemplos aqui: Collor, tio Sérgio Guerra, Renan Calheiros. Porque é tudo canalha? É, beleza. Mas não um cuzão feito você”.
Procurada, a defesa de Brennand não se manifestou. O empresário, que está em Dubai, não foi localizado pelo Painel.
Por meio de sua assessoria, Gilson Machado afirmou que “não tem nenhuma ligação com esse cidadão, não respondeu [ao áudio] e nem sequer escutou essas ameaças”. Ele não esclareceu o motivo da desavença com o empresário.
“Você entrou aí na Embratur, aumentou orçamento, quebrou o [inaudível], virou gente. Não era ninguém. Tinha banda de forró e uma fazenda… Então, não era ninguém, zero. Era zero, zero. Tinha que ganhar dinheiro lá em cima com a sanfona no lombo, tá? Aí furou, como fez comigo, furou pro presidente, eu acreditei em você. Aí, porra, eu separei briga. Me pediu se eu testemunharia. Aí quando quer, fica calado. Quer dizer, um perfeito traidor, um cuzão, filha da puta, tá?
Aí vai, entra, eu peço um negócio lá, besteira do negócio americano, não faz. Peço lá o troço, como é, aquele?… da Embratur, manda o contato. Porra, tu mandando contato para mim, bicho? Não é o poste mijando no cachorro, não? Aí vai lá, segue. Ficou lá, importante. Começou a só atender quando queria, esqueceu o Facebook etc e tal. Eu quero dizer um negócio a tu que eu já disse a muita gente, tá, Gilson? Tu tem mandato, bichão. Outra coisa, o que que tu vai fazer? Tu vai assumir que tu foi aí babando o Jair até o final, quando encerrar esse negócio, ou não? Porque eu digo um negócio a você, eu entendo de política um pouquinho, tá? Esse cara tá frito, por culpa de gente como você. Você deve ter botado um dinheiro no bolso, papai tá certo”.
“Eu pego tu, bicho. Dentro de Brasília, pelo cabelo. Arranco teus óculos da cara. Meto-lhe a mão no pé do ouvido. E tu não tem uma palha de poder pra vir contra mim. E papai tinha razão, tu tá nessa por dinheiro. Tu não é igual a Eduardo teu irmão não, tu é bandido, tá?
Você é frouxo, não segura a onda de ninguém, entendeu? É corrupto, vai meter a mão no dinheiro, só ajuda quem você acha que pode estar ali com você numa coisa legal.
E deixa eu te falar: tudo que eu fiz foi teste. Porque, na verdade, meu irmão, nem Brasil eu queria. Tu me botando em grupo e não sei o quê. Nunca me passaste o telefone do presidente, vagabundo. Eu tinha por outras vias, otário. E tu dizendo: eu não tenho não, não uso WhatsApp, não. E eu nunca usei, babaca. Tu é um bosta, rapaz, igual a tantos outros que já apareceram nessa República. E sabe qual é o teu destino? É o dos outros, é tomar no cu. Porque os caras que têm algum nível, mesmo fazendo merda, terminam a vida bem. Eu lhe dou 200 exemplos aqui: Collor, tio Sérgio Guerra, Renan Calheiros. Porque é tudo canalha? É, beleza. Mas não um cuzão feito você”.