Há quem veja 7/9 “menos tenso”
Foto: Cristiano Mariz/O Globo
A cúpula do Poder Judiciário acompanha com atenção as manifestações que estão sendo convocadas para o 7 de setembro. A avaliação é que, diferentemente do que ocorreu ano passado, os atos em Brasília não terão ataques tão agressivos ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2021, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) quase invadiram a sede do Tribunal, em Brasília, em um dos episódios de maior tensão institucional entre os dois Poderes. Este ano, o feriado acontece em meio a uma tentativa de trégua entre o chefe do Executivo e os ministros da Corte e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A expectativa é que, por faltar menos de um mês para o primeiro turno das eleições, as manifestações tenham mais um caráter mais eleitoral do que de ataques a outros Poderes.
Apesar de ser um crítico das urnas eletrônicas, o presidente tem sido aconselhado a deixar de lado o discurso contra o sistema eleitoral. Em um gesto recente, compareceu à posse do ministro Alexandre de Moraes no TSE.
No sábado, porém, Bolsonaro voltou a insuflar a militância contra o Supremo ao chamar Moraes de “vagabundo” por causa da operação deflagrada contra empresários que apoiam o governo. Nas últimas semanas, o STF percebeu, nas redes sociais, que a ação autorizada pelo ministro fez os bolsonaristas demonstrarem mais adesão aos atos do dia da Independência.
O monitoramento da Corte também aponta para a uma grande participação popular. Em 2021, o público estimado pela Secretaria de Segurança Pública foi de 450 mil pessoas.
Mesmo assim, alguns fatores devem favorecer um ambiente mais distensionado em relação ao Poder Judiciário. Um deles é a realização do tradicional desfile cívico-militar, que não aconteceu nos últimos dois anos por conta da pandemia. O presidente do STF, Luiz Fux, ainda avalia se vai ao evento.
Outro ponto lembrado é que Bolsonaro embarca para o Rio após o desfile, para participar de atos na praia de Copacabana. Mas não está descartada a possibilidade de o presidente fazer um discurso na capital federal.
Também há o aprendizado em relação ao que aconteceu no ano passado, quando as forças de segurança foram surpreendidas com a quantidade de manifestantes e caminhões que começaram a chegar na Esplanada na noite de 6 de setembro.
Para este ano, o governo do Distrito Federal reforçou o esquema de segurança. Uma das principais diferenças é que nenhum veículo poderá chegar perto da Praça dos Três Poderes, cujo acesso estará fechado, a princípio, desde as 17h de amanhã.
O próprio STF também aumentou em 70% o número do efetivo que fará a proteção do edifício-sede da Corte. Além dos agentes da equipe interna, o esquema de segurança vai contar com reforço de outros tribunais. Mais afastado da Esplanada, o TSE também terá a segurança ampliada.
Em nota, a Secretaria de Segurança do STF afirmou que realizou, ao longo dos últimos meses, “ações especializadas para identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais e, com base no resultado dessas análises, definiu os riscos existentes e planejou ações” para garantir a segurança da Corte e de seus ministros nesse feriado.