Lula e Bolsonaro dominaram audiência no debate
Foto: Marlene Bergamo / Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro (PL) dominou as menções nas redes sociais durante e após o debate do último domingo (28), organizado em parceria com Band, Folha e TV Cultura. Foram 3,8 milhões de citações, ante 2,7 milhões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e 1 milhão de Ciro Gomes (PDT).
Os dados são da FGV ECMI – Escola de Comunicação, Mídia e Informação, que monitorou as redes sociais domingo (28) e segunda-feira (29).
Atrás dos principais concorrentes, aparecem as senadoras Simone Tebet (MDB) com 568 mil citações, Soraya Thronicke (União), com 400 mil, e Luiz Felipe D’Ávila (Novo) com menos de 50 mil.
Embora o presidente esteja na dianteira, é a esquerda quem concentra o maior número de perfis engajados nas discussões (58,1%), que produziram 40,8% das interações. Entre eles, destacam-se os perfis de Lula e do deputado federal André Janones (Avante-MG). Nas publicações, preponderaram acusações a uma postura supostamente machista de Bolsonaro e críticas sobre inflação e indicadores da fome no país.
Durante o debate, Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães e falou em vitimização das mulheres em uma resposta à senadora Simone Tebet.
Os perfis de direita concentram 31,5% dos usuários, mas movimentaram 52,3% das interações, principalmente chamando Lula de “ladrão” e classificando como mentiras algumas das declarações do ex-presidente. No dia seguinte, também surgiram comentários sobre um “presidente independente”, que rejeita a equipe de comunicação.
A terceira via somou 6,5% dos perfis e igual percentual de interações, principalmente com críticas ao PT e Lula.
A briga entre Janones e o ex-ministro Ricardo Salles (PL-SP) também repercutiu e acabou respingando negativamente em Bolsonaro porque foram lembrados supostos crimes ambientais pelos quais seu ex-auxiliar seria investigado.
O principal tema relacionado tanto a Bolsonaro quanto a Lula foi Segurança/Corrupção, com 408,1 mil e 199,6 mil citações respectivamente, mas por motivos diferentes.
A Lula foram associados os episódios de corrupção citados por Bolsonaro no debate e houve amplo uso da expressão “ex-presidiário”.
Com Bolsonaro, a associação foi a um suposto baixo investimento em políticas de enfrentamento à violência contra a mulher e o assalto mencionado por Ciro no qual o presidenciável teve a arma roubada.
O comportamento do internauta foi semelhante durante as sabatinas no Jornal Nacional: 64% dos perfis que se manifestaram eram do grupo de apoio a Lula, mas representaram 41,7% das menções.
Mas, de acordo com a análise da FGV/ECMI, o petista conseguiu furar a bolha, alcançando eleitores da terceira via por meio de excertos da entrevista, mas, também, com a declaração do voto a ele do influenciador Felipe Neto. Também expandiu com a repercussão do pedido de Bolsonaro para tirar do ar os vídeos no qual ele imita um paciente de coronavírus com falta de ar.
Já o grupo de apoio de Bolsonaro, 24,4% dos perfis e 48,7% das menções, repercutiu uma fala dele sobre a entrevista de modo irônico e o agradecimento à cantora Anitta por ter compartilhado a foto da “cola” que o presidente levou na mão.
De acordo com o instituto, os posts sobre Bolsonaro foram majoritariamente negativos, relacionadas à saúde, mas nas horas após o programa ir ao ar ascenderam críticas aos entrevistadores. No caso de Lula, se sobressaíram elogios à sua oratória e comentários sobre ansiedade para o seu retorno à Presidência.
A terceira via somou 5,1% dos perfis e 8,3% das interações. A maior parte dos comentários foram declarando voto a Ciro Gomes (PDT) e lamentos sobre a possibilidade de o projeto econômico apresentado na entrevista não ser implementado.