Mercado vê Lula eleito em segundo turno

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Foto: Montagem/Valor

O sócio e vice-presidente da Arko Advice, Cristiano Noronha, afirmou nesta quarta-feira (28) que o cenário mais provável ainda é de vitória do candidato à Presidência da República e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas apenas no segundo turno. “Lula é favorito, mas a gente trabalha com a hipótese de segundo turno”, afirmou no evento Credit Risk Forum 2022, organizado pela Fitch Ratings, em São Paulo.

Noronha afirmou que uma variável importante a ser monitorada é a diferença do placar nesse primeiro turno. Com base em outras eleições regionais, a visão é de que, se a vantagem de Lula for inferior a 10 pontos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) passa a ter chance para o segundo turno. “Se for de mais de 10 pontos, as chances de reação de Bolsonaro são muito pequenas”, afirmou.

Sobre a composição do Congresso, variável que também está no foco neste momento, a expectativa é de que cerca de 30% das vagas fiquem com partidos de esquerda. Entretanto, ele destaca o perfil pragmático de Lula, que deve viabilizar uma articulação com partidos de centro e centro-direita.

“Espero pragmatismo de Lula do ponto de vistas político. Ele não vai poder se furtar a ter apoio de partidos que estão na base de Bolsonaro”, afirmou. “Partidos como PP, PL, MDB, PSDB, que deram apoio ao Fernando Henrique [Cardoso], Lula e Dilma [Rouseff], darão novamente apoio ao Lula também.”

Ainda assim, o cientista político observa que o Congresso experimentou, “graças ao governo Dilma”, um certo controle do qual ele não vai abrir mão, como sobre o orçamento. “FHC teve um veto derrubado, e isso gerou uma preocupação com a perda de força daquele governo. Bolsonaro tem mais de 60 vetos e nem terminou o primeiro mandato”, disse. “A independência do Legislativo em relação ao Executivo deve continuar.”

Noronha afirmou que, embora tenham feito alguns encontros com a equipe de campanha de Lula, eles ainda não deram sinalizações claras sobre os nomes para sua equipe econômica. Mas, em sua visão, o nome do ex-ministro Henrique Meirelles, que apareceu como uma possibilidade recentemente e que animou os mercados, é bastante improvável. Isso porque, segundo ele, o PT ainda tem muita mágoa de Meirelles, que ocupou o ministério no governo de Michel Temer e foi um dos responsáveis, portanto, pelo teto de gastos.

“Já estão empurrando o Meirelles para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social”, observou.

Para ele, o cenário mais provável hoje é que seja um nome político, provavelmente um ex-governador do Nordeste, sendo Rui Costa e Wellington Dias candidatos fortes. Fernando Haddad, afirma, também tem sido cogitado, mas para ele trata-se de um cenário menos provável. “Caso Haddad perca a eleição estadual, sem dúvida ele é ministeriável, mas não se sabe ainda para qual cargo”, afirmou.

Valor Econômico