Morador de comunidade reage a Ciro
Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press
Ciro Gomes (PDT) participou de uma live no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, na noite deste sábado (3/9). No fim do evento que contou com a presença de pessoas da comunidade, um morador questionou o candidato à presidência da República sobre uma polêmica declaração a respeito do conhecimento de economia pelos brasileiros que vivem nas favelas.
“Qual foi de fato o ponto da sua fala? O que aquilo representa para nós que somos do Aglomerado? Nós temos de fato entendimento menor que o dos empresários ou temos condições de entender o que você está dizendo?”, perguntou o rapaz enquanto gravava pelo celular.
Ciro se mostrou incomodado e chegou a insinuar que o homem seria seguidor do Movimento Brasil Livre, com posicionamento político à direita. “Terminou o discurso? Terminou o discurso, MBL?”. O morador respondeu dizendo que não gostava do MBL.
“Estive na Federação das Indústrias e elaborei uma explicação da situação econômica brasileira. Atribuí à política monetária brasileira e à taxa de câmbio. Quando a taxa de câmbio se performa, você promove uma desindustrialização do país. Todos eles entenderam facilmente. Só entende esse assunto quem teve oportunidade de ser (…) por ele”.
Novamente, o homem perguntou a Ciro Gomes se os moradores do Aglomerado da Serra não tinham as mesmas condições de entendimento dos empresários. O presidenciável reclamou da insistência no tema. “Tu veio pra cá pra provocar?”.
Na sequência, integrantes da equipe do candidato pediram para que o rapaz fosse embora do lugar, pois ele não era bem-vindo. Uma pequena confusão se formou com outros moradores questionando a conduta do homem. Ele deixou o local em seguida.
Perguntado pela reportagem do Estado de Minas sobre o episódio, Ciro disse que é um assunto superado. “É uma hipocrisia grosseira. Eu ganhei o prêmio mundial de combate à mortalidade infantil. Estou aqui numa laje, quinta-feira passada estava em outra laje no Rio de Janeiro”.
“Os temas áridos do ‘economês’ não são de simples entendimento por nenhum de nós. Foi só isso que eu disse. Não desfaz nada meu respeito profundo pela sabedoria popular, onde fui formado. A minha escola é o interior do semiárido do Nordeste. Estudei a maior parte da minha vida em escola pública. Eu venho dali, ninguém me ensina o que o povo brasileiro tem. O resto é pura hipocrisia”, completou.
A visita de Ciro ao Aglomerado da Serra ocorreu dias após uma declaração feita pelo pedetista em encontro com empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Na quarta-feira (31/8), o político disse ter feito um “comício para gente preparada”. “Imagine explicar isso na favela? É um serviço pesado”, apontou, em menção a seu plano de governo.
O episódio foi motivo de críticas até mesmo entre eleitores pedetistas. Na sexta-feira (02/09), durante evento na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, ele afirmou que a repercussão negativa é uma “hipocrisia demagógica”.
Ao lado da vice de sua chapa, Ana Paula Matos, e da esposa, Giselle Bezerra, Ciro Gomes cumpriu agenda de campanha em Minas Gerais neste sábado. Durante caminhada em uma feira livre do Bairro Eldorado, em Contagem, na Grande BH, o presidenciável voltou a se defender de falas polêmicas.
Além do episódio envolvendo as favelas, na segunda-feira (29/8), o perfil do pedetista no Twitter propagou mensagem que dizia que Lula está “fraco fisicamente e psicologicamente” para enfrentar a direita. O post foi apagado no mesmo dia.
Na ocasião, o candidato minimizou a repercussão dos dois fatos. “Tudo o que se quiser inventar, comigo, não conta. Estou aqui para ajudar o povo brasileiro para ajudar a achar um caminho contra o seu desastre social e econômico. O resto é molecagem do sistema”.
“Estamos com uma proposta que acaba com a exploração escravista do consumidor brasileiro, com a lei ‘antiganância’. O ‘sistemão’ e a ‘banqueirada’ resolveram partir para cima, criar intrigas e futricas, nos dividindo”.
Tanto em Contagem quanto em BH, Ciro focou no objetivo de facilitar o pagamento de dívidas pelos brasileiros. Segundo o presidenciável, haverá intervenções na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil para a concessão de crédito à população com débitos vencidos, além de abatimento de até 90% de juros. O pedetista ainda fez críticas às elevadas taxas dos bancos, que, segundo ele, podem chegar a 1.000% ao ano.