Subida de Lula desorienta campanha de Bolsonaro
Foto: José Aldenir/TheNews2/Agência O Globo
A dez dias da eleição, integrantes da campanha de Bolsonaro se veem “perdidos” e “sem estratégia”. A principal crítica de parte da equipe é que o presidente, avesso a conselhos dos auxiliares, não consegue falar para fora de sua bolha, o que é considerado vital na reta final da disputa. A tentativa de ampliar o diálogo com os eleitores por meio das agendas internacionais em Londres e Nova York foi considerada frustrada por muitos de seus aliados.
Os próximos debates estão sendo encarados como oportunidades para enfrentar esse problema e alavancar o crescimento do presidente. A avaliação interna é que no único programa que aconteceu nesse formato Bolsonaro se saiu melhor que Lula. Mesmo assim, a campanha ainda não traçou um plano sobre como será a atuação de Bolsonaro, em especial, no do SBT, que acontece daqui a dois dias sem a presença do petista. A expectativa é que, com a ausência de Lula, Bolsonaro seja a “vidraça” da noite.
Os auxiliares do presidente, porém, acreditam que o petista pode mudar de ideia e comparecer, por receio de passar a imagem de que estaria de “fugindo ou de salto alto”. A data tratada como o “dia D”, no entanto, é o debate na TV Globo, marcado para 29 de setembro e que colocará os adversários cara a cara mais uma vez.
Outro problema apontado é a falta de estrutura. Membros da equipe se queixam de não ter braço para tratar de questões operacionais e investir em vídeos e materiais de maior qualidade para TV e redes sociais.
Como a coluna informou, as doações do agro, área que os coordenadores apostavam que repassaria montantes polpudos, decepcionaram a campanha. Além disso, os empresários da Faria Lima não abriram a carteira como o esperado.
A culpa pela arrecadação bem abaixo das expectativas vem sendo colocada na operação policial contra executivos bolsonaristas, que discutiram em um grupo de Whatsapp um possível golpe, caso Lula vença as eleições. Para membros da campanha, a ação teria criado um “temor geral” entre os empresários de se tornarem alvos de investigação ao doar para Bolsonaro.
Outro ponto que preocupa são as pesquisas. Mesmo com o discurso de descredibilizá-las e apostar no “Datapovo”, há o receio de que os levantamentos que mostram Lula na liderança ajudem a criar uma onda a favor do petista nos últimos dias da campanha. Não há, porém, o receio de uma derrota no primeiro turno, embora dados do DataFolha e Ipec demonstrem essa possibilidade. A meta, segundo os coordenadores, é ir para o segundo turno e, a partir daí, zerar o jogo.