Tebet pode ser ministra de Lula
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Simone Tebet (MDB) passou pelo debate desta quinta-feira, 29, sem grandes arranhões à sua imagem. Em um encontro marcado por ataques preferenciais em Lula (PT) de pelo menos quatro dos sete candidatos à Presidência presentes, a senadora emedebista se destacou por manter a postura serena, não cair em provocações de adversários e por ter evitado fazer críticas mais duras ao ex-presidente. Nas ocasiões em que um respondeu a perguntas do outro, prevaleceu o tom de “debate de ideias” em detrimento de acusações ou ataques. Em mais de uma vez, a senadora pelo Mato Grosso do Sul lembrou de sua relação com o agronegócio, hoje um setor majoritariamente bolsonarista.
Não demorou para que se formasse nas redes uma série de especulações a respeito da possibilidade de ela, em caso de vitória de Lula, vir a ocupar o cargo de ministra da Agricultura– ou algum outro cargo no Planalto. É fato que nas últimas semanas o PT buscou o MDB para uma aproximação com Tebet com vistas a um eventual segundo turno. O partido tem uma ala que desde a pré-campanha declara apoio ao petista na corrida ao Planalto e a ideia seria receber o apoio da ala que ficou com Tebet e é majoritária na legenda. Nesta sexta-feira, 30, o coordenador do programa de governo da campanha e Lula, o ex-ministro Aloizio Mercadante, confirmou o aceno ao MDB, mas deixou no ar se haverá ou não um convite para que a senadora faça parte de um eventual governo petista. “É cedo pra dizer, mas o MDB certamente estará conosco no segundo turno”, disse.
Durante o debate, Lula fez uma pergunta sobre meio ambiente a Tebet, que ao invés de criticar o adversário, aproveitou o momento para ir à carga contra Bolsonaro. “Candidato Lula, nada é por acaso nessa vida. Eu acabei de falar [em uma pergunta anterior] de mudanças climáticas com o atual presidente da República e, mais uma vez, ele vem com inverdades, ele fala de questões que não conhece ou simplesmente não se importa. Quando estamos falando de meio ambiente e mudanças climáticas, estamos falando de vidas. No meu governo é desmatamento zero”, disse ela, que acrescentou que, se eleita, irá reforçar os órgãos de fiscalização do meio ambiente, hoje enfraquecidos pelo governo atual.
A senadora disse ainda que é possível conciliar o desenvolvimento do campo com a preservação ambiental e, nesse ponto, suas ideias bateram com as do candidato petista. “Nós vamos mostrar que não é meio ambiente ou agronegócio. É meio ambiente e agronegócio. É natureza e desenvolvimento. Eu sou do agro e o agro põe comida barata na mesa do brasileiro”, disse. Na réplica, Lula afirmou que um eventual governo seu proibirá “terminantemente qualquer garimpo ilegal” e que não será necessário a “nenhum cidadão do agronegócio invadir a Amazônia ou o Pantanal”. “Quando eu era presidente as pessoas queriam plantar cana no Pantanal e eu eu não deixei. Porque nós temos 30 milhões de terra degradada, de pasto degradado, que você pode plantar o que você quiser sem derrubar uma árvore e fazer uma agricultura de baixo carbono, que é o que o Brasil precisa”, disse o petista.
Em um outro, momento, contudo, o tom do diálogo foi de menos consenso, mas os dois divergiram sem descambar para a agressão. Tebet fez uma pergunta a Lula sobre gastos públicos e afirmou que os governos Lula e Bolsonaro, neste aspecto, se assemelham. Na resposta Lula disse “que a candidata Simone está sendo um pouco injusta na pergunta e nas acusações”.