Trump consegue atrasar investigação contra si
Foto: Mandel Ngan/AFP
Uma juíza federal dos Estados Unidos concordou nesta segunda-feira, 5, em nomear um “special master”, que no direito americano funciona como árbitro para fiscalizar processos litigiosos, para revisar os registros apreendidos pelo FBI durante uma busca na propriedade do ex-presidente Donald Trump.
A medida representa uma vitória para o republicano, uma vez que ela provavelmente irá atrasar a investigação criminal em andamento do Departamento de Justiça.
Em sua decisão, Aileen Cannon, da Flórida, disse que o encarregado terá a tarefa de revisar os documentos apreendidos que podem estar sujeitos não apenas ao privilégio advogado-cliente, mas também ao privilégio executivo.
Ela ordenou ainda que o Departamento de Justiça suspendesse sua investigação criminal, mas disse que permitiria que as autoridades de inteligência dos Estados Unidos continuassem conduzindo uma revisão de classificação.
“Além de ser privado de documentos pessoais potencialmente significativos, o que por si só cria um dano real, o autor enfrenta um dano potencial não quantificável por meio da divulgação imprópria de informações confidenciais ao público”, escreveu Cannon, que foi nomeada por Trump poucos meses antes de deixar o cargo.
Na prática, a medida proíbe que as investigações continuem até que o “special master” termine de analisar os documentos, “impedindo temporariamente o governo de revisar e usar os materiais apreendidos para fins investigativos”. De acordo com especialistas americanos, o processo pode levar meses.
Cannon deu à equipe de Trump e ao Departamento de Justiça até a próxima sexta-feira, 9, para apresentar uma lista de possíveis candidatos ao cargo de análise e nenhum dos envolvidos respondeu à decisão.
Sem provas, o ex-presidente acusou o órgão federal de lançar uma “caça às bruxas partidária” contra ele e seus advogados argumentaram que a nomeação de uma terceira parte independente para revisar os materiais seria fundamental para o andamento do caso.
Donald Trump está sob investigação por remover documentos confidenciais da Casa Branca e levá-los para sua casa em Mar-a-Lago, na Flórida, após deixar o governo, em janeiro de 2021. O Departamento de Justiça investiga ainda uma possível obstrução por parte do republicano após o FBI descobrir evidências de que sua equipe possa ter ocultado documentos confidenciais quando os agentes tentaram recuperá-los em junho.
Também em junho, os agentes de Trump disseram ter devolvido todos os documentos durante a busca, afirmação que foi refutada depois que os investigadores recuperaram cerca de 33 caixas contendo mais de 11.000 registros e fotos do governo e mais de 100 registros marcados como classificados.