A última maldade de Jair Bolsonaro

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Eduardo Guimarães

O colunista do UOL Josias de Souza disse, no domingo eleitoral, que “parecia frágil e precária” a conclusão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no sentido de que “as operações policiais da PRF (Polícia Rodoviária Federal) nos Estados “em nenhum caso impediram a votação dos eleitores”.

Durante coletiva de imprensa realizada na tarde domingo sobre a tentativa de golpe dos policiais rodoviários, Moraes disse, também, que foi determinado que as polícias interrompessem as ações.

De acordo com a TV Globo, a maioria das operações realizadas pela Polícia Rodoviária Federal aconteceu no Nordeste, com 272 ações ao todo (49,5%). No Norte, foram 59 (10,7%), 48 no Sudeste (8,74%), e 48 no Sul (8,74%).

Esse ataque ao processo eleitoral não começou agora. Uma reunião no Palácio da Alvorada com coordenadores da campanha de Bolsonaro ocorreu no último dia 19 e selou a ação criminosa da Polícia Rodoviária Federal.

Para justificar uma ação levada a cabo com intensidade muito maior no Nordeste, o argumento de Bolsonaro era o de que seria preciso combater o transporte irregular de eleitores “principalmente” naquela região.

Por que a operação deveria ser tão mais intensa no Nordeste? Explicação aceitável não há, mas é fácil entender a razão de Bolsonaro: no Nordeste há muito mais eleitores de Lula e esses eleitores dependem muito mais do transporte público para irem votar.

O deputado federal pelo PT de SP Paulo Teixeira descobriu o plano de Bolsonaro para impedir que os eleitores de Lula fossem votar e também que poderia haver uma instrumentalização da PRF e da PF para interferir no processo eleitoral de forma a beneficiar o presidente e prejudicar o ex-presidente. E denunciou, desencadeando a ação do TSE.

Apesar de Moraes ter vindo a público afirmar que a estratégia bolsonarista fora desbaratada e que as operações da PRF não impediram eleitores de Lula de votar, o colunista do UOL supracitado duvidava disso. E, de fato, as operações da PRF só pararam após o fechamento das urnas, segundo incontáveis denúncias de eleitores impedidos de se locomoverem.

Quantos votos Lula perdeu com essa ação? Só o que se sabe é que A Polícia Rodoviária Federal descumpriu ordem do Tribunal Superior Eleitoral e parou em blitz, no dia da votação do segundo turno, pelo menos 610 ônibus que faziam transporte de eleitores com desculpas como pneu careca, faróis quebrados etc.

Detalhe: em um só dia, foram feitas mais blitzes que no primeiro turno inteirinho.

Autoridades do TSE acreditam que o tamanho do prejuízo a Lula é impossível de prever, até porque não se sabe se esse número de veículos impedidos de prosseguir viagem não é apenas a ponta do Iceberg, ainda que importe em dezenas de milhares de eleitores barrados.

O que se sabe é que a vantagem de Lula seria maior sem essa estratégia premeditada muito antes da eleição por obra e graça do candidato beneficiado: Bolsonaro.

Essa é a última grande maldade que Bolsonaro cometeu antes de se tornar um futuro ex-presidente da República já a partir de 1o de janeiro. Todavia, outras maldades dele estão em curso, agora como derrotado. Ao não divulgar “aceitação” da derrota, estimula a fúria de seus eleitores, que não param de falar em promover atos golpistas como os dos caminhoneiros que estão bloqueando estradas enquanto exigem “intervenção militar”

Bolsonaro está em um dilema: TODOS os mais importantes países do mundo reconheceram a vitória de Lula minutos após o resultado da votação ter sido divulgado. A começar pelos Estados Unidos. Mas todos devem manter atenção para o fato de que a maioria dos golpes de Estado, mundo afora, acontece contra a vontade desses grandes países.

Redação