Bolsonaristas caluniam jovem do Alemão por ser negro e favelado

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Foto: Reprodução

Na visita ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, o ex-presidente Lula (PT) posou para fotos com os moradores. Entre eles, o ator e modelo Diego Raymond, que ficou conhecido como “Mister M” ao ser preso por associação ao tráfico de drogas em 2010. Depois de nove meses de reclusão, Diego foi absolvido das acusações. Diante da repercussão nas redes, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a veicular fotos do jovem caracterizado para a série “A Divisão”, uma produção original Globoplay, sob a acusação de que seria um bandido.

Os termos “Lula Mister M”, “Lula traficante”, “Lula traficante Mister M” e outras 14 variações referentes ao ator tiveram um aumento de mais de 5000% nas buscas, de acordo com a ferramenta Google Trends.

Diante dos ataques, Diego Raymond também foi às redes em repúdio. Em post, ele relembrou que foi absolvido de todos os crimes e conseguiu vencer na vida mesmo com as dificuldades. No entanto, ainda sofre com o racismo da “luta diária do preto e pobre”.

“Meu voto é Lula contra essa gente desprezível, contra quem criminaliza a pobreza. Para que a gente possa andar de cabeça erguida na rua sabendo que o pobre e o preto são tratados como iguais e que as histórias das crianças das favelas do RJ vão ser diferentes”, afirmou.

 

Em novembro de 2010, na véspera da ocupação do Complexo do Alemão, Mister M foi convencido por sua mãe, dona Nilza Maria da Silva, a se entregar à polícia. Ele tinha 25 anos e foi apontado como o braço-direito de Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, chefe da facção.

– Eu perguntei: “Diego, vamos embora?”. Aí, meu outro filho perguntou se ele estava disposto a entregar a vida dele a Jesus e largar a vida do crime. Ele fez que sim, balançando a cabeça, e chorou – contou sua mãe ao Extra na ocasião.

Após nove meses nos presídios de Bangu I e Bangu III, ele foi solto e absolvido da acusação de associação com o tráfico e ingressou na carreira artística. Nesta quarta-feira, as fotos de doze anos atrás foram compartilhadas por bolsonaristas, assim como registros dos seus trabalhos recentes e mensagens hostis.

“É simplesmente vergonhoso ver um candidato subir o morro e bater continência para traficantes. Mister M é um assassino cruel”, escreveu um. Outro internauta chamou o ator de “traficante, assassino e eleitor de Lula”.

 

 

O Globo