Bolsonaristas que profanaram Basílica estavam bêbados

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Foto: Reprodução

O católico-evangélico ou evangélico-católico Jair Messias Bolsonaro aproveitou o feriado para louvar Deus e o seu governo em Belo Horizonte, sob a bênção de um pastor evangélico enrolado com a Justiça, e só Deus na Basílica Nacional de Aparecida.

Foi uma maratona cansativa atrás de votos. Se ele se sentiu seguro de manhã na companhia do pastor Valdemiro Santiago, ex-bispo da Igreja Universal, foi o contrário à tarde diante do arcebispo Dom Orlando Brandes e de sacerdotes da Igreja Católica.

“O Brasil é um país abençoado com uma das gasolinas mais baratas do mundo, com auxílio para o povo sofrido de R$ 600, onde há pouco tempo começava com R$ 40 do Bolsa Família”, declarou o presidente, sob o olhar cúmplice do pastor.

Santiago fundou uma nova igreja, a “Mundial do Poder de Deus”. Bolsonaro compareceu à inauguração de um novo templo da igreja de Santiago que teve recentemente 15 condenações em 30 dias por não pagar aluguel de imóveis em São Paulo. O dízimo já foi maior.

Ao desembarcar em Aparecida, Bolsonaro logo ficou sabendo que ali o ambiente não seria tão acolhedor para ele. Em missa rezada pela manhã, sem citar o seu nome, Dom Orlando Brandes havia advertido os milhares de romeiros que lotaram a basílica:

“É preciso vencer os dragões do ódio e da mentira. Maria venceu o dragão, e temos muitos outros que ela vencerá. Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal, e o da mentira. E a mentira não é de Deus, é do maligno”.

Bolsonaro entrou na basílica sob vaias e aplausos dos fiéis. Antes desfilara bem devagar pela cidade com o corpo para fora de uma camionete e acenando para as pessoas. Ao seu lado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo do estado.

Motos da Polícia Rodoviária Federal abriram caminho para a passagem da camionete. E ao chegarem próximas à basílica, ligaram as sirenes bem alto. Bolsonaro assistiu à missa das 14 horas, mas não conversou com nenhum membro de sua comitiva.

Não completou as orações nem rezou o Pai Nosso. Um padre foi até onde ele estava e lhe ofereceu a hóstia. Bolsonaro balançou a cabeça três vezes, indicando que não comungaria. Se o rito não mudou, só pode comungar quem tenha confessado seus pecados.

O compromisso seguinte de Bolsonaro seria com um grupo de católicos da ultra direita que o aguardavam para rezar o terço diante da antiga basílica de Aparecida. Havia uma tenda pronta para recebê-lo e todos vestiam camisas com seu rosto estampado.

Aí, a certa altura, parte dessa gente, movida a rezas e cerveja comprada a camelôs, exaltou-se e começou a vaiar o padre que celebrava uma missa na antiga basílica. O padre Camilo Júnior acabara de dizer e fora delirantemente aplaudido pelos fiéis:

“Parabéns a você que está aqui dentro e testemunha. Parabéns a você que está aqui dentro e está rezando, porque hoje não é dia de pedir voto. É dia de pedir benção”.

Então, estourou a confusão. Os devotos de Bolsonaro do lado de fora passaram a xingar os jornalistas que esperavam o presidente. Partiram para cima de alguns deles, e também para cima de uma pessoa desavisada que vestia uma camisa vermelha.

Jesus talvez não se acanhasse ao ouvir o que eles disseram, mas os anjos, seres mais inocentes, certamente que sim. Avisado a tempo, Bolsonaro cancelou o terço paralelo que seria rezado e preferiu dar um pulo na tenda reservada aos peregrinos de saúde frágil.

E assim terminou mais um dia do presidente que ainda carece de votos para se reeleger. O de Lula terminou em Salvador com uma caminhada que atraiu cerca de 200 mil pessoas.

Metrópoles