Bolsonaro decide não aceitar derrota

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Foto: Jim Watson/AFP

A campanha de Bolsonaro está otimista sobre a chance de vitória no segundo turno, mas vê o presidente colocando em prática um plano B no caso de uma derrota. Para integrantes da equipe, Bolsonaro está elaborando um “projeto de resistência a la Donald Trump”, em referência ao ex-presidente dos Estados Unidos, que perdeu o cargo para Joe Biden.

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Membros do QG de Bolsonaro acreditam que, assim como seu ídolo norte-americano, o presidente vai estimular tumulto e confusão num eventual cenário de derrota. Na terça-feira, durante um ato de campanha no Rio Grande do Sul, Bolsonaro pediu aos apoiadores que permaneçam no local de votação até o resultado final do segundo turno, no próximo dia 30. A fala foi considerada “temerária” até por integrantes da ala política de sua campanha. Nos bastidores, eles admitem que não há expectativa de que Bolsonaro aceite uma possível vitória de Lula de maneira pacífica.

Quando Trump foi derrotado, ele estimulou uma marcha de apoiadores em direção ao Congresso dos EUA, que acabou invadido. Cinco pessoas morreram no episódio.

A ida de Bolsonaro ao Ministério da Defesa nesta semana foi vista por membros da campanha como um “recado” que o presidente quis dar ao Judiciário, reforçando sua desconfiança e questionamentos sobre as urnas. Integrantes da pasta afirmaram que o presidente teria recebido um balanço de ações sobre as operações de garantia da votação e apuração, chamadas de GVA, realizadas no primeiro turno das eleições, e não um relatório sobre a segurança das urnas que ele tanto questiona. Os militares silenciam sobre o assunto.

A avaliação de auxiliares de Bolsonaro é que, mesmo se perder a eleição, o capitão ainda manterá influência sobre a ampla base no Congresso que conquistou e que está seguirá endossando ataques às urnas, ao Supremo Tribunal Federal e outras pautas caras ao presidente. Eles acreditam que Bolsonaro permanecerá tentando se capitalizar como o principal opositor a Lula e não descartam que queira voltar a concorrer em 2026, caso seja derroado.

Em setembro, Bolsonaro afirmou em entrevistas que, se perdesse a disputa, entregaria a faixa e “se recolheria”. A afirmação foi recebida com ceticismo por seus aliados e por membros do governo. Para eles, os movimentos do presidente mostram que Bolsonaro está “preparado para o combate, especialmente se perder”.

O Globo