Bolsonaro inventa conclusão militar sobre urnas eletrônicas
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (25/10) que, para as Forças Armadas, “é impossível dar um selo de credibilidade” ao sistema eleitoral brasileiro por conta das “muitas vulnerabilidades”. A declaração ocorreu durante entrevista ao youtuber conservador norte-americano Ben Shapiro, que foi ao ar no último domingo (23). Os militares, porém, nunca fizeram tal afirmação.
“Temos uma eleição pela frente e o que nos traz certa confiança é que as Forças Armadas foram convidadas a integrar uma comissão de transparência eleitoral. E elas têm feito um papel atuante e muito bom nesse sentido. Contudo, eles me dizem que é impossível dar um selo de credibilidade, tendo em vista ainda as muitas vulnerabilidades que o sistema apresenta”, alegou.
Os militares, porém, nunca fizeram essa afirmação e informaram na semana passada que devem entregar, no começo de janeiro, a última etapa da fiscalização realizada no sistema eleitoral. O chefe do Executivo ainda citou o projeto derrotado de voto impresso. “Nós lutamos há muito tempo por um modelo transparente eleitoral. Não tivemos força para isso.”
Bolsonaro também criticou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na entrevista, apontando que os magistrados são indicações políticas.
“E o Tribunal Superior Eleitoral, aqui no Brasil, dos seus sete integrantes, três são do Supremo Tribunal Federal, que são pessoas indicadas por partidos políticos”, continuou.
Segundo o presidente, “a reeleição dele tem de ser evitada com as armas da democracia”. “É mais difícil você lutar com essas armas, mas estamos jogando, como chamo aqui, dentro das quatro linhas da Constituição”, completou.
Em sabatina no último dia 23, o presidente voltou a colocar em dúvida as urnas eletrônicas, disse desconhecer relatório das Forças Armadas, mas afirmou que a corporação continua “na busca de possíveis fraudes”. Em 26 anos de existência das urnas eletrônicas nas eleições brasileiras, contudo, nunca houve comprovação de fraude ou manipulação de resultados.
“Desconheço qualquer relatório por parte das Forças Armadas. Eles continuam trabalhando na busca de possíveis fraudes, porque não dizer isso, né? E o trabalho deles é louvável. De vez em quando eu converso com um ou outro militar, ou melhor, com o ministro da Defesa sobre essa questão. Eles preparam um relatório e esse relatório será apresentado no momento oportuno. Digo, nós não temos poder de fazer auditoria nas urnas eletrônicas.”
“Há aproximadamente três anos, a Polícia Federal concluiu dois inquéritos que foram pelas linha da impossibilidade de auditar as urnas eletrônicas. A gente pede a Deus que tudo corra normalmente, mas deixo claro que as Forças Armadas têm um trabalho louvável no tocante a isso. Tiveram dificuldade de colocar as nossas equipe técnicas das Forças Armadas com a equipe técnica do TSE. Esperamos que tudo corra dentro da normalidade e que o vencedor tenha os votos que as urnas apresentam”, apontou na data.
Ao contrário do que afirma o presidente, todo o processo pode ser auditado. No primeiro turno, os militares não encontraram irregularidades. No último dia 19, o presidente afirmou que as Forças Armadas “não fazem auditoria” de urnas.
“Olha, as Forças Armadas não fazem auditoria. Lançaram equivocadamente. A Comissão de Transparência Eleitoral não tem essa atribuição. Então, furada, fake news”, alegou. Bolsonaro ainda negou que tenha falado em relatório: “Você está botando na minha boca agora? Não bota na minha conta, não.”
No entanto, em pronunciamento após confirmação do segundo turno, no dia 2, ao ser questionado sobre a confiança nos números divulgados pelas urnas e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente respondeu que iria aguardar um parecer das Forças Armadas.
“Vou aguardar o parecer das Forças Armadas que ficaram presentes lá na sala cofre, repito, elas foram convidadas a integrar a comissão de transparência eleitoral. Então, fica a cargo do ministro da Defesa tratar desse assunto”, disse na data.
Dia e horário de votação: o segundo turno será no domingo (30/10), das 8h às 17h, no horário de Brasília. A divulgação da apuração dos votos deve começar logo após o fechamento das urnas.
Onde votar: o eleitor pode conferir o local de votação no site do TSE. Ou por meio do aplicativo e-Título, acessando “onde votar”.
Quem deve votar: todos os brasileiros alfabetizados, entre 18 e 70 anos, são obrigados a votar no dia da votação. O voto é facultativo apenas para quem tem entre 16 e 18 anos, pessoas com mais de 70 anos e analfabetos.