Bolsonaro perde 686 cidades para Lula

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Foto: Infografia

Atrás na disputa para presidência em 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu 686 cidades brasileiras onde foi maioria no pleito de 2018 para o Partido dos Trabalhadores (PT), considerando apenas os resultados do primeiro turno. O placar do pleito atual também aponta uma desidratação na base do bolsonarista. O atual mandatário liderou em 2.191 localidades em 2022, contra 2.853 na corrida anterior, uma redução de 23%. A chapa petista, encabeçada por Lula (PT), também registrou uma mudança no jogo municipal, mas em menor grau: 24 cidades que, anteriormente, votaram majoritariamente no Partido, migraram para Bolsonaro.

A região Norte concentra metade dos municípios que ‘viraram’ voto do PT para Bolsonaro: foram 12 por lá, com o Sul aparecendo em segundo lugar na lista de ‘virantes’ com sete cidades. No Sudeste, três municípios migraram a predileção petista para Bolsonaro – todos estão em Minas Gerais; Doverlândia, em Goiás, e Matriz de Camaragibe, em Alagoas, também registraram mudanças nos preferidos à presidência. O contraste, no entanto, não retirou do partido de Lula a vantagem numérica de 2022. Se, há quatro anos, 2.614 cidades brasileiras priorizaram a chapa petista com Fernando Haddad (PT), na corrida atual, a vantagem subiu para 3.379 municípios.

Em quase dois terços dos municípios, o presidente poderia ter sido eleito com maioria absoluta (50% dos votos válidos mais um) ainda no primeiro turno. Quando avaliadas individualmente, as votações municipais apontam o petista como vencedor em 3.025 cidades, o que corresponde a 54% das 5.570 total de localidades com votação em 2022. Bolsonaro aparece como escolhido majoritário em 1.772 municípios – 31% de todas as regiões municipais.

O município de Nova Pádua, no Rio Grande do Sul, é a cidade brasileira onde o atual mandatário acumulou o maior poder numérico – foram 83,98% dos votos válidos para presidência. No outro extremo da disputa, Lula é o favorito em Guaribas, na Piauí, com 92% da votação. Em contraste aos municípios vizinhos – onde Bolsonaro liderou a votação local – a cidade de Uiramutã foi a única região de Roraima a acumular um placar favorável ao ex-presidente Lula. Por lá, foram 66,62% dos votos válidos para o petista, enquanto o atual presidente acumulou 31,62% do resultado. É uma reprise da situação de 2018, apesar da diferença em 2022 ter pendido para o lado bolsonarista: há quatro anos a distância entre Fernando Haddad, candidato à época pelo PT, e Bolsonaro, ainda pelo Partido Social Liberal (PSL) foi mais elástica. O índice é 68,69% para Haddad e 14,5% para o então candidato do PSL.

No Nordeste, Alagoas acumulou a maior quantidade de cidades contrários a tendência local de concentração de votos petistas no primeiro turno. Maragogi, Maceió, Marechal Deodoro, Coruripe encerraram o pleito alinhados ao atual presidente. A capital alagoana, pela segunda vez consecutiva, foi a única capital nordestina onde Bolsonaro teve vantagem. Foram 49,5% dos maceioenses no PL contra 40,63% em Lula. A escolha para Presidente foi prorrogada para o segundo turno: até a última atualização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), publicada na manhã desta segunda-feira, 3, foram contabilizados 57.258.115 votos no candidato para Lula (PT) contra 51.071.277 no atual presidente Jair Bolsonaro (PL) – um placar de 48% para o petista e 43% no atual mandatário.

Na corrida pelo Palácio do Planalto deste ano, variação de cenário no Ceará: se, em 2018, Ciro Gomes (PDT) foi o candidato preferido pelos cearenses para assumir o cargo – o pedetista pontuou 40,95% dos votos válidos contra 33,12% do candidato do PT à época – em 2022, o desempenho fico no único dígito. Com 369.145, Ciro cravou o terceiro lugar cearense, com 6,8% do acumulado local. A campanha pedetista pela presidência também sofreu um baque. Comparado a eleição anterior, o Partido dos Trabalhadores esticou o desempenho no eleitorado cearense, aumentando os resultados em 2022 nas cidades com votação recorde para Gomes no pleito anterior. É o caso de Ererê, no interior do Estado. A diferença entre o placar petista aumentou 60 pontos percentuais entre um pleito e outro – foram 22% de votos válidos em 2018 contra 82,33% em 2022.

As cidades de Pereiro (+57), Pires Ferreira (+55%), Alcântaras (+53%) complementam a lista de municípios com maior elasticidade petista entre um período e outro. O desgaste cirista nestes municípios é significativo porque, em 2018, os quatro estavam no topo da votação do PDT: 70% do eleitorado de Pires Ferreira votou em Ciro, o melhor número pedetista daquele ano. Ererê (67,95%), Alcântaras (65,41%), Pereiro (64,83%) completam a lista de cidades com grande adesão a Gomes no período eleitoral anterior.

Lula e Bolsonaro também registraram recolhimento na base eleitoral em 2022, quando considerado os percentuais municipais em 2022. A chapa bolsonarista sentiu o maior impacto: 2.262 cidades indicaram votação menor em Bolsonaro quando comparado ao desempenho local em 2018. O destaque fica para município de Trevisa, em Santa Catarina – por lá, o atual presidente registrou 53,66,8% das intenções de voto, 21 pontos percentuais abaixo dos 74,8% registrados há quatro anos no primeiro turno. Em contrapartida, o PT registrou diminuição de votos em 106 cidades brasileiras, com o município de Normandia, em Roraima, com a maior redução petista em porcentagem. Na região, o acumulado a favor do PT caiu de 55,72% para 40,9%, 14 pontos percentuais a menos.

Estadão