
Bolsonaro planeja baixar nível em debate com Lula
Foto: Marcos Serra Lima/g1
As campanhas de Lula e Bolsonaro ainda vão começar a preparar os candidatos para o debate da Band, que ocorre no próximo domingo (16) a partir das 20h. Mas a equipe de Jair Bolsonaro já sabe qual será a linha mestra do presidente no confronto contra Lula: tentar irritar o petista ao máximo, especialmente nas perguntas.
No debate do primeiro turno, a campanha de Bolsonaro comemorou o resultado da estratégia de terceirizar ataques para o candidato do PTB, Padre Kelmon, que conseguiu irritar Lula em uma pergunta sobre corrupção.
Agora que não tem mais o candidato laranja para fazer os ataques, Bolsonaro quer aproveitar todas as oportunidades possíveis para irritar Lula – a começar pelas perguntas.
A ordem na campanha bolsonarista, dada pelo próprio presidente, é “ir para cima de Lula”, e por isso a ideia é passar o maior tempo perguntando, para poder encaixar na pergunta já algumas acusações contra Lula a respeito de cada tema.
Os estrategistas de Bolsonaro acham que Lula se irrita com facilidade e consideram que os debates fornecerão ao presidente as maiores chances de tentar produzir momentos constrangedores para o petista, para serem distribuídos nas redes.
As regras para o embate ainda não estão completamente fechadas, mas por ora o tempo destinado às perguntas está acordado em 45 segundos.
Isso é mais do que o reservado no debate da Globo, de 30 segundos, e menos do que a proposta com que se chegou a trabalhar no início, de 1 minuto.
Em Belo Horizonte, neste domingo, Lula também se mostrou disposto a provocar Bolsonaro. “Eu ainda vou ter dois debates com o genocida”, disse o petista. “E eu vou colocar muito repelente no corpo com medo de uma mordida”, completou. “Ele disse numa entrevista para o NY Times que ele teria coragem de comer carne de índio. E se ele pensar em dar uma mordida no pernambucano, ele vai morrer envenenado”.
O petista disse ainda que espera que Bolsonaro não leve mentiras para o debate, não levar provocações baratas. Vai ser o dia em que o povo vai ter que escolher entre o bem e o mal, entre a paz e a guerra, entre a solidariedade e o ostracismo.”
Na campanha do presidente da república, o que se diz é que Bolsonaro por pouco não perdeu a eleição no primeiro turno, e agora não pode vacilar. De fato, se Lula tivesse tido 1,7% dos votos a mais, teria vencido as eleições.
Agora que acham que tem chances de virar o jogo, os aliados do presidente estão buscando todos os meios para isso.
Até domingo, vão montar dossiês sobre os principais temas que da retórica bolsonarista contra Lula, como aborto, corrupção e a relação do petista com os regimes ditatoriais da Venezuela e da Nicarágua. Bolsonaro costuma dizer que não se prepara para os debates, mas, se a ordem é ir para cima, ele muito provavelmente vai querer consultar o material.