Bolsonaro vai pedir apoio de Ciro Gomes
Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste domingo (2) que mantém “portas abertas” para conversar com Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), candidatos derrotados no primeiro turno.
Bolsonaro disse ainda que buscará governadores eleitos e citou nominalmente o governador de Minas, Romeu Zema (Novo). Segundo ele contou, marcou reunião em Belo Horizonte na terça-feira (4).
“Um contato já foi feito hoje. Conversamos com um interlocutor do Zema hoje. As portas estão abertas para conversar [com outros presidenciáveis]”, disse o chefe do Executivo ao ser indagado por jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada.
O mandatário teve 43,23% dos votos, contra 48,39% do adversário, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A candidata do MDB teve 4,1% dos votos, em terceiro lugar, seguida por Ciro, com 3%.
Bolsonaro não disse se entraria em contato com eles, mas seus aliados já consideram que ele poderá herdar parte dos votos.
Ciro, que fez uma campanha com duras críticas a Lula, foi elogiado por integrantes da campanha do presidente.
Apesar de citar Zema, oficialmente, Bolsonaro tinha outro candidato no estado, Carlos Viana (PL). Mas o presidente sempre fez questão de elogiá-lo publicamente e disse que só não estiveram no mesmo palanque no primeiro turno porque o Novo tinha candidato à Presidência —Luiz Felipe D’Ávila.
Segundo o entorno do presidente, o fato de aliados terem sido já eleitos no primeiro turno não enfraquece o empenho que eles podem ter na campanha do segundo turno. Ibaneis Rocha (MDB), no Distrito Federal, também levou a fatura neste domingo.
Dada a animosidade entre Ciro e Lula, é provável que o pedetista repita 2018, quando outra vez caiu no primeiro turno, e não apoie ninguém. A isonomia também é esperada de Tebet, mas nada disso é central para a definição dos eleitores —1 em cada 5 apoiadores dos dois diziam que poderiam aderir ao voto útil.
Após terminar o primeiro turno em quarto lugar neste ano, Ciro adiou por “algumas horas” o anúncio sobre seu posicionamento para o segundo turno. “Nunca vi uma situação tão complexa, tão desafiadora, tão potencialmente ameaçadora sobre a nossa sorte como nação”, disse ele na noite deste domingo.
“Por isso, peço a vocês mais algumas horas para conversar com meus amigos, conversar com meu partido, para que a gente possa achar o melhor caminho, o melhor equilíbrio para bem servir a nação brasileira”, continuou o candidato, que teve cerca de 3,5 milhões de votos, ou 3% do total.
Em comparação à eleição presidencial anterior, Ciro teve forte queda. Em 2018, obteve 13,3 milhões de votos (12,5% do total). Agora, também perdeu o terceiro posto, superado por Simone Tebet.
Já a candidata do MDB disse que não vai se omitir e cobrou pressa das direções das legendas da sua aliança —MDB, PSDB , Cidadania e Podemos— sobre quem apoiar no segundo turno.
Em entrevista na noite deste domingo (2), a senadora por Mato Grosso do Sul adiantou que já tomou uma posição sobre quem endossar, em falas interpretadas como sinalização de apoio a Lula.
“Não esperem de mim omissão. Tomem logo a decisão, porque a minha já está tomada. Eu tenho lado e vou me pronunciar no momento certo. Eu só espero que você entendam que esse não é qualquer momento do Brasil”, afirmou a senadora pelo Mato Grosso do Sul, em pronunciamento na sede do comitê de campanha em São Paulo.