Campanha de Lula concentra esforço em SP e MG
Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação
Passada a surpresa com a força bolsonarista nas urnas, o QG da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concluiu que a eleição será decidida em São Paulo e Minas Gerais e, por isso, decidiu concentrar seus esforços nos dois estados nas próximas quatro semanas.
Ainda que não admitam publicamente, integrantes do núcleo duro da campanha de Lula ficaram frustrados com a votação obtida pelo ex-presidente em São Paulo e Minas – e não só pelo fato de ela ser bem menor do que as pesquisas estimavam.
Os petistas também se surpreenderam com a força do candidato bolsonarista em São Paulo, Tarcisio de Freitas, que chegou ao segundo turno com 42,32%, ante 35,7% de Fernando Haddad, que aparecia na frente nas pesquisas.
Na avaliação de integrantes da campanha de Lula, o desempenho aquém do esperado em São Paulo e Minas foi decisivo para arrastar a disputa para o segundo turno, prolongando a campanha até o fim de outubro.
Por isso, toda a estratégia petista daqui para frente será desenhada para manter e ampliar a vantagem nos dois estados, que juntos tem 50,8 milhões de eleitores – um em cada três eleitores brasileiros.
Integrantes do núcleo duro da campanha petista entendem que o vice de Lula, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, terá que intensificar a agenda no estado para tentar reverter a vantagem bolsonarista. O presidente da República teve em São Paulo 12,2 milhões de votos – 1,8 milhão a mais do que Lula, com 10,4 milhões de votos.
No entorno de Lula, também há o consenso que o destino da disputa pelo Palácio do Planalto está umbilicalmente ligado aos rumos da corrida pelo Palácio dos Bandeirantes. Eles entendem que não conseguirão reverter a vantagem de Bolsonaro se não conseguirem também tirar votos de Tarcísio.
“Teve uma onda bolsonarista que ninguém detectava e foi subestimada por todos, não só por nós, mas pelos institutos. É mais complexo do que imaginávamos. Ninguém dava o astronauta eleito”, desabafa um interlocutor do ex-presidente, em referência à eleição do ex-ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes para o Senado.
“Os caras têm um poder muito maior do que a sociedade mesmo imagina”, acrescenta.
O Datafolha da véspera da eleição apontava uma vantagem de Lula sobre Bolsonaro em São Paulo de quatro pontos percentuais na véspera da eleição. O resultado das urnas surpreendeu o GQ lulista: Bolsonaro derrotou Lula por uma diferença de sete pontos (47,71% contra 40,89%)
Já em Minas, o instituto apontava uma diferença de Lula para Bolsonaro ainda maior: de 17 pontos percentuais – o petista aparecia com 50%, ante 33% do atual ocupante do Palácio do Planalto.
Lula acabou vencendo em Minas no primeiro turno, mas por uma margem muito mais apertada, de apenas 4.6 pontos percentuais: 48,27% a 43,61%.