Campanhas creem que Jefferson elegeu Lula
Foto: Agência O Globo
Os QGs de Lula e Bolsonaro vivenciam uma “troca de climas” na semana da eleição. O otimismo sobre a virada que permeou a campanha de Bolsonaro em boa parte do segundo turno não persiste na reta final. Já a tensão que seguia entre os petistas deu lugar a entusiasmo, principalmente após o episódio envolvendo o ex-deputado e aliado do presidente Roberto Jefferson, que atirou e lançou granadas contra policiais que foram prendê-lo.
A campanha de Lula identificou o potencial do assunto e passou a explorá-lo nas redes sociais, inclusive com vídeos. O foco é colar em Bolsonaro a imagem de Jefferson e mostrar que ele mente ao dizer que não tinha relação com o ex-deputado. A decisão, até esta segunda-feira, era a de não levar esse tema para a propaganda da televisão, que deve se concentrar na economia para tentar desgastar Bolsonaro.
Membros do QG do presidente afirmam que o episódio foi um “banho de água fria”, associado a outros problemas que a campanha já enfrenta, como o tema do reajuste do salário-mínimo e a fala de Bolsonaro sobre as meninas venezuelanas. Eles afirmam que os levantamentos internos contratados pelo PL, partido de Bolsonaro, mostram que o presidente, que apresentava crescimento ao longo das últimas semanas, estacionou.
As pesquisas publicadas nesta segunda-feira também desanimaram a campanha, especialmente a do Instituto Atlas, que os aliados de Bolsonaro costumam descrever como “mais confiável”. O levantamento mostrou Lula com 53% de intenções de votos válidos, e Bolsonaro com 47%. O Ipec, alvo constante da artilharia bolsonarista, apontou que o petista teria 54% dos votos válidos, e Bolsonaro, 46%.
Na noite de segunda-feira, a campanha de Bolsonaro acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acusando rádios, em especial da região Nordeste, de não veicularem a propaganda de rádio de Bolsonaro. O ato foi visto na campanha de Lula como uma tentativa de tirar o foco do episódio de Roberto Jefferson. O presidente da corte, Alexandre de Moraes, disse que os advogados de Bolsonaro não apresentaram nenhuma prova e deu 24 horas para detalhá-las sob pena de incorrer em crime eleitoral.