Candidatos a presidente voltam às ruas
Foto: Ricardo Stuckert/Isac Nobrega
Depois de dedicarem os primeiros dias do segundo turno à costura de alianças, os candidatos a presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltam hoje aos atos de campanha com agendas distintas.
As primeiras agendas de Lula e Bolsonaro ocorrem no Sudeste, foco do esforço dos candidatos na busca por votos no segundo turno. As equipes de ambos afirmam que não ficaram contentes com os resultados obtidos na região no domingo.
Primeiro lugar na votação do primeiro turno, Lula participa de uma caminhada em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, seu berço Político.
Já Bolsonaro vai a Minas Gerais, estado que é prioridade de sua estratégia para o segundo turno. O presidente estará em um encontro com empresários mineiros. Na intenção de mostrar prestígio político, ele estará acompanhado de governadores que declaram apoio. Bolsonaro fala com empresários
A viagem a Minas Gerais significa o começo da execução da tática de Bolsonaro para o segundo turno. Ele chega a Belo Horizonte ostentando o apoio do governador mineiro Romeu Zema (Novo), reeleito no último domingo. Na capital mineira, ele participa de um evento na Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), em que receberá um documento com propostas do setor produtivo.
O encontro serve para mostrar bom relacionamento com empresários e força política porque os governadores de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), devem estar presentes. A presença de líderes estaduais reflete a estratégia da campanha de acreditar que as realidades regionais vão se sobrepor as disputas partidárias.
Nesta semana, também está previsto um encontro com prefeitos. Eles são importantes para trabalhar aquilo que a campanha chama de “supercapilaridade”, ou seja, acionar administradores municipais para buscar votos nas cidades. Com esta tática regional e municipal, Bolsonaro planeja reverter a desvantagem de 6,1 milhões de votos em relação a Lula no primeiro turno.
A campanha de Bolsonaro tem gente que defende foco total em Minas Gerais, único estado do Sudeste em que o presidente perdeu no primeiro turno. Ele teve 43,60% dos votos e Lula 48,29%.
No esforço de mudar este resultado, Bolsonaro adiantou que estará pelo menos três vezes no estado até 30 de outubro, data do segundo turno. O presidente conta com a força de Romeu Zema, governador eleitor no último domingo e opositor ferrenho do PT. A articulação com os empresários deve ser feita por Flávio Roscoe, presidente da Fiemg.
Quando a Polícia Federal agiu contra oito empresários que defendiam um golpe em caso de derrota de Bolsonaro, a Fiemg divulgou uma nota afirmando que a ação causava insegurança jurídica.
Lula vai voltar às origens no primeiro evento público do segundo turno. O petista participará de uma caminhada em São Bernardo do Campo (SP), na região metropolitana de São Paulo, nesta manhã. Ele deverá sair do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e transitar pela cidade onde morou grande parte da sua vida e onde construiu carreira política.
Como líder do sindicato no final dos anos 1970, o ex-presidente comandou algumas das maiores greves operárias da história do país no ABC. De lá, também articulou a fundação do PT, em 1980, e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em 1983.
O evento inaugura um novo momento da campanha petista para este segundo turno. A cúpula lulista definiu que o ex-presidente participe de menos comícios, como fez durante toda a primeira etapa, e aposta mais em modelos híbridos, como caminhadas.
A avaliação é que grandes comícios gastam muito dinheiro e falam apenas para militantes. Com caminhadas, por sua vez, eles conseguem atingir —e, consequentemente, mostrar força— para um público que não é exatamente convertido.