Compromissos na economia dividem o PT
Foto: Edilson Dantas
Uma ala significativa da campanha de Lula e de seus aliados passou a defender que o petista faça uma guinada maior ao centro, para que apresente mais detalhes de projetos e até nomes da área econômica que comporiam seu governo, caso seja eleito.
A avaliação desse grupo é que o anúncio de uma política econômica responsável do ponto de vista fiscal e em direção ao centro traria ganho político e eleitoral durante o segundo turno, na disputa com Bolsonaro. Nesta quinta-feira, depois receber o apoio dos economistas que foram os “pais” do Plano Real, Lula mandou um recado direto ao mercado ao dizer que a economia não será comandada só pelo PT se ele vencer.
Há, porém, um segmento da campanha que contraria essa visão. Os integrantes dessa ala defendem que o anúncio de qualquer nome pode criar tumulto na base do eleitorado e entre aqueles que defendem uma política mais desenvolvimentista do que liberal. Há a preocupação de que qualquer nome anunciado seja “queimado” durante a corrida eleitoral.
Internamente, a avaliação é de que Lula vem sendo cobrado pelo mercado financeiro a apresentar propostas mais concretas, enquanto a mesma exigência não é imposta a Bolsonaro, que desrespeitou o teto de gastos.
Membros da campanha de Lula relataram à coluna que, apesar do impasse sobre o tema, o candidato deve apresentar uma espécie de âncora fiscal nos próximos dias e detalhar a regra que substituiria o teto de gastos em seu governo. Essa proposta destacará, porém, que a responsabilidade fiscal precisa caminhar com a responsabilidade social. É consenso na equipe de Lula que é preciso ter uma espécie de “licença para gastar”, de forma que honre os compromissos na área social.
A leitura é que a presença de Geraldo Alckmin (PSB) como vice enfatiza que o governo petista seria de uma frente ampla, mas a ponderação é que este seria o momento de “mostrar mais”. Na campanha de 2002, Lula também compôs com um vice bem cotado pelo mercado, o empresário José Alencar, e se comprometeu com a manutenção do tripé macroeconômico de câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal.