Falta de dinheiro obriga Bolsonaro a mudar de avião
Foto: PR
O presidente Jair Bolsonaro (PL) mudou o avião em que costuma se deslocar, a pedido do presidente do seu partido, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, para economizar recursos durante a campanha presidencial. Ele deixou de viajar o Airbus A319, adaptado especialmente para ser a principal aeronave presidencial (VC1A), por um modelo Legacy E145 (VC-99C), que consome menos combustível. Ambos são da Força Área Brasileira (FAB).
Como presidente da República, mesmo durante o período eleitoral, Bolsonaro só pode viajar em aviões da FAB e acompanhado de agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), departamento responsável pela proteção do chefe do Executivo federal. Como ele está em campanha, porém, seu partido é obrigado a ressarcir o erário das despesas das viagens, além de declará-las ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que ainda não ocorreu.
Os custos com o transporte do presidente deverão representar um dos maiores gastos do PL durante a campanha, segundo integrantes do partido. A mudança de aeronave reflete a preocupação do QG bolsonarista com a escassez de recursos, como o próprio GSI confirmou à reportagem. O caixa do PL reservado para o projeto de reeleição está praticamente zerado. Em entrevista ao GLOBO, no mês passado, o coordenador da campanha, senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), afirmou que a limitação orçamentária implicava até nos roteiros de busca por votos.
Bolsonaro passou a usar o Legacy no início da campanha, em agosto. Integrantes do núcleo duro do candidato À reeleição estimam que a mudança vai representar um corte na metade do custo dos descolamentos. Conforme noticiou o colunista Lauro Jardim em agosto, o QG de Bolsonaro foi informado pela FAB de que os voos deveriam ser ressarcidos de R$ 120 por quilômetro percorrido.
O airbus VC1A foi adquirido durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além de Lula, os ex-presidentes Dilma Rousseff e Michel Temer usavam a aeronave.
O modelo passou por adaptações para receber o chefe de Estado e foi dividido em três partes. Há uma área com um escritório e uma suíte presidencial. Noutra, há um espaço com oito poltronas de “primeira classe” para autoridades. É neste local que Bolsonaro prefere viajar, acompanhando de ministros e convidados. O terceiro compartimento contém poltronas comuns, onde viajam 20 passageiros.
O Airbus foi usado setembro por Bolsonaro para viajar para Londres, onde participou do funeral da rainha da Inglaterra Elizabeth II, e depois seguiu para Nova York, nos Estados Unidos, para discursar na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Já o Legacy é um modelo mais simples, com poltronas menores. Nesta aeronave, não há uma área reservada. Em média, o avião tem decolado com cerca de 20 pessoas. Hoje a serviço do presidente da República, o VC-99C foi usado no auge da pandemia da Covid-19 para o transporte de respiradores e materiais hospitalares.