Funcionários denunciam patrão por pressão política

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Foto: Evaristo Sa/AFP

Funcionários do grupo têxtil Altenburg denunciaram a empresa ao Ministério Público do Trabalho por suposto assédio eleitoral, induzindo os trabalhadores – sob pena de demissão – a direcionar os votos para a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

O MP recebeu 10 denúncias com teor ameaçador sobre a manutenção dos empregos em função do resultado eleitoral. A denúncias alegam ainda que o discurso para influenciar os votos dos trabalhadores no atual presidente é do próprio presidente da empresa. A Alterbung, com sede em Blumenau (SC), tem 1,7 mil funcionários e a informação revelada pelo MP também já foi confirmada pelo sindicato dos trabalhadores local.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau (Sintrafite), Carlos Maske, o presidente (Ruy Altenberg) teria parado a produção da fábrica para falar sobre eleição, sugerindo demissão e incerteza com o futuro do país caso Bolsonaro não fosse reeleito.

A Altenberg nega as denúncias e diz que “repudia a ocorrência de suposto assédio eleitoral, ante a notificação do Ministério Público do Trabalho, que oportunamente será respondida”. Segundo a empresa, no encontro realizado com colaboradores, foi abordada a importância do voto e do comparecimento às urnas, respeitando a individualidade e o direito ao voto, que é secreto. “O ato realizado pela empresa foi em nome da civilidade”, diz. A nota ainda destaca que “qualquer manifestação no âmbito privado é fruto de opinião pessoal que, a teor do art. 5º, IV, da Constituição Federal, deve ser assegurada a todos a livre manifestação do pensamento, que não pode ser cerceado nem criminalizado”.

O ato de coagir, ameaçar ou prometer benefícios para votar em determinado candidato é crime. Segundo o Ministério Público do Trabalho, já foram recebidas 252 denúncias de assédio eleitoral de todo o país. Desse total, 39 delas, cerca de 15%, são de Santa Catarina, região em que o eleitorado é majoritariamente pró-Bolsonaro. Em nota, a Procuradoria do Trabalho da 12ª Região diz que é “direito do empregado escolher livremente candidatos a cargos eletivos, independente da posição política de seus gestores”, reforçando a impossibilidade e ilegalidade de se realizar campanha pró ou contra determinado candidato.

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