Jefferson planejara ser preso por atacar Cármen
Foto: Mathilde Missioneiro/Folhapress
O ataque de Roberto Jefferson (PTB) contra agentes da Polícia Federal no domingo (23) caiu como “uma granada nos pés” da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), afirma o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Para o parlamentar, que integra a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o petebista buscou provocar a sua própria prisão após agredir verbalmente a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia.
“Tinha um plano montado. Ninguém ofende uma ministra da Suprema corte da forma como esse cidadão ofendeu na sexta-feira e irá querer ficar impune”, diz Randolfe Rodrigues à coluna.
Jefferson, que se encontrava em prisão domiciliar, comparou a magistrada a “prostitutas”, “arrombadas” e “vagabundas” em um vídeo publicado na sexta-feira (21) passada.
“O que estava em curso era uma orquestração, era uma grande manipulação do resultado eleitoral, que fracassou. Eles [bolsonaristas] não contavam com os excessos do senhor Jefferson. Foi isso o que fez fracassar a ação dele”, continua Randolfe, encampando a tese de que o político de extrema direita estaria buscando alimentar teorias de que aliados do presidente são perseguidos pela Justiça.
Na noite de segunda-feira (24), Randolfe Rodrigues se uniu a nomes como o economista Persio Arida, a ex-ministra e deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e a socióloga Neca Setubal, herdeira do Itaú, durante ato com Lula e Fernando Haddad (PT) no teatro Tuca, na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, localizada na capital paulista.
Candidato ao Governo de São Paulo, Haddad afirmou que os brasileiros às vezes “perdem a noção” do quanto o país “se rebaixou” ao falar à plateia do evento sobre Roberto Jefferson.
“O que aconteceu é uma coisa tão bárbara que as pessoas nem levam mais a sério o que está acontecendo. Uma pessoa ter granada na despensa de casa!”, disse o ex-prefeito, provocando risos entre os presentes.
O bolsonarista e político de extrema direita foi preso pela Polícia Federal depois de tentar resistir a ordem judicial, disparar mais de 50 tiros de fuzil, segundo ele, e lançar três granadas contra os agentes. Dois deles ficaram feridos, sem gravidade.
“Roberto Jefferson? Bandido tem que estar na cadeia”, afirmou a senadora Simone Tebet (MDB-MS) à coluna após ser questionada sobre o episódio.
Ao final do evento com Lula e Haddad, a emedebista do Mato Grosso do Sul foi abordada intensamente por apoiadores dos petistas que pediam um retrato ao seu lado. “Deixa eu tirar uma foto com a Simone aqui”, disse um deles, pedindo licença para fazer a selfie. “Simone, eu quero tirar uma foto com você”, afirmou outro, entrando na fila.
Enquanto tentava, com alguma dificuldade, alcançar o elevador para sair do teatro —mas sem deixar de sorrir aos eleitores—, Tebet disse acreditar que Bolsonaro será derrotado no segundo turno, mas que levará mais tempo para que o bolsonarismo perca a sua força.
“O bolsonarismo hoje é maior que Bolsonaro. Se nós levamos três, quatro meses em uma campanha para derrotar Bolsonaro, levaremos quatro anos para derrotar o bolsonarismo”, afirmou a senadora.
“Mas nós iremos conseguir porque hoje temos um grande pacto democrático a favor do Brasil. Lula não vai governar com o PT. Ele vai governar com uma frente democrática contra todos os retrocessos que Bolsonaro tentou implantar no Brasil”, continuou.
Tebet ainda defendeu que seja realizado um “revogaço” de medidas adotadas pelo governo federal para áreas como a ambiental, a armamentista e a de direitos humanos. “Dessa forma, nós vamos implodir o bolsonarismo em sua base para que ele não volte nem agora nem daqui a quatro anos.”