Jornal cria “vacina” contra fake news

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Foto: Reprodução

A criação de notícias falsas a partir de informações publicadas em sites jornalísticos tem sido uma das principais formas de desinformação usadas nas eleições deste ano. Os infratores compartilham impressões (prints) de páginas de veículos confiáveis com títulos e frases adulterados, mudando o sentido de notícias originalmente verdadeiras. O objetivo é dar às fake news a credibilidade do jornalismo profissional.

Para impedir esse tipo de adulteração, O GLOBO desenvolveu, em parceria com a agência de publicidade Betc Havas, a Vacina Anti-Fake News, uma ferramenta gratuita que sinaliza visualmente aos leitores se o texto de um site foi alterado para gerar um print falso. O acesso à solução é aberto a qualquer portal de notícias ou produtor interessado em proteger seu conteúdo de eventuais usos maliciosos.

A Vacina Anti-Fake News funciona da seguinte forma: o veículo que quiser aplicá-la aos links de seu site pode acessar a ferramenta no site vacinaantifakenews.oglobo.com.br, no qual pode pegar gratuitamente o comando em linguagem de programação a ser instalado no código-fonte do seu portal. O código-fonte é o que define como as informações contidas em uma página da internet aparecem para o leitor. Esse processo deve ser feito por um especialista em linguagem HTML, usada para a formatação de páginas web.

Depois da atualização do código-fonte do site jornalístico, já devidamente “vacinado”, a solução digital passará a sinalizar se aquela notícia foi adulterada com a impressão de uma marca d’água no fundo da página com a repetição da frase: “…Alerta de Fake News… Essa notícia pode ter sido manipulada. Não compartilhar”.

Essa marca vai surgir assim que o infrator tentar gerar a imagem falsa a partir de um link com notícia modificada. Se o print com a informação falsa for compartilhado, quem receber a imagem poderá identificar que se trata de um conteúdo que não é confiável.

Juliano Almeida e Melissa Pottker, diretores de criação da Betc Havas e desenvolvedores do projeto em parceria com o GLOBO, explicam que a ideia surgiu a partir da identificação, pela equipe da agência, dos procedimentos usados por quem cria e compartilha fake news, que têm marcado a campanha nas redes sociais neste ano, particularmente por meio de imagens manipuladas.

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— Estamos em um momento de fake news e deep fake, em que é difícil saber o que é verdade ou mentira. Quando começam a usar canais de comunicação respeitados e que divulgam informações confiáveis, a gente precisa encontrar meios de bloquear isso. Esse foi um jeito que a gente achou de acabar com a notícia falsa no momento em que estiver sendo feita — diz Almeida, que vê na solução uma maneira de ajudar eleitores a identificar conteúdos falsificados com o objetivo de influenciar o voto.

Vacina Anti Fake News dificulta que prints de conteúdos jornalísticos que foram adulterados sejam compartilhados

O Globo