Justiça obriga Caixa a combater assédios

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Foto: Isac Nóbrega/PR

A Justiça do Trabalho determinou nesta quarta-feira (26) que a Caixa Econômica Federal cumpra, imediatamente, medidas de combate ao assédio moral e sexual, e à discriminação.

A decisão foi tomada em uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) após virem a público as denúncias contra o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, levado ao posto no governo de Jair Bolsonaro (PL) e muito próximo do presidente. Nesta semana, Bolsonaro disse que não viu “nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher” sobre abusos cometidos pelos diretores do banco público, revoltando as vítimas.

Veja, abaixo, as medidas determinadas pela Justiça do Trabalho, segundo o MPT:

Caixa fica proibida de:

Praticar assédio moral, sexual e discriminação;
Perseguir empregados que tenham feito denúncias;
Restringir a promoção de mulheres por terem se beneficiado de ação coletiva;
Pesquisar o posicionamento político de candidatos a cargos de gestão.

Caixa fica obrigada a:

Adotar providências em no máximo 30 dias quando receber denúncias de assédio moral e sexual;
Concluir a apuração do caso em no máximo 90 dias;
Oferecer apoio psicológico à vítima;
Oferecer suporte para representação criminal contra o assediador, quando a apuração concluir que houve assédio.

Funcionárias e funcionários de cargos estratégicos da Caixa Econômica Federal denunciaram, em junho deste ano, o então presidente do banco, Pedro Guimarães, por assédio sexual e moral.

As vítimas afirmam ter vivido “um inferno” desde que Guimarães assumiu o cargo em 2019.

Homens e mulheres de confiança do ex-presidente da Caixa teriam sido cúmplices de um esquema de aliciamento de funcionárias a acobertamento desses crimes, segundo dirigentes do banco ouvidos pela reportagem em julho.

Na maioria dos casos, o alvo era uma mulher pela qual Guimarães estava interessado. A vítima era sondada por Celso Leonardo (um dos dirigentes do banco). Se recusasse a investida do chefe, caía em desgraça dentro do banco e era rebaixada.

Uma vez deslocada, chegava “carimbada” ao novo setor onde trabalharia, um sinal de permissão a novos chefes cúmplices de Guimarães para assediar moralmente as vítimas como punição.

Ele, que era um “espelho” do modo bolsonarista de viver e pegou carona no discurso do combate à corrupção que ajudou a eleger Bolsonaro em 2018. Dizia, se gabando, que “a Curitiba, ele só ia a passeio ou a trabalho”, referindo-se aos petistas presos na Operação Lava Jato.

“Ele se gabava de que a Caixa não estava mais nas páginas policiais. Acho que a sensação de impunidade e de tratar a mulher como cidadã de segunda categoria, de humilhar os outros… Tudo isso o levou a pensar que assédio era um crime menor. Olha onde está a imagem da Caixa agora”, disse uma das funcionárias vítima do assédio de Guimarães ao blog, em julho.

Pedro Guimarães é alvo da investigação desde que o Ministério Público do Trabalho protocolou denúncia em 29 de junho. No mesmo dia, o ex-presidente da Caixa deixou o cargo.

G1