Lula precisa do centro para empatar e governar

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Foto: Agência O Globo

Lula ficou próximo da vitória em primeiro turno, com 48,3% dos votos válidos, sem precisar apresentar um programa econômico e sem acenar ao eleitor de centro. Com a votação expressiva de Bolsonaro, que teve 43,2% dos votos, no entanto, o candidato do PT precisará buscar os eleitores de Simone Tebet e Ciro Gomes, caso queira reduzir o risco de uma derrota por virada no 2º turno, o que seria inédito desde a redemocratização.

Caso vença, esse movimento do ex-presidente será necessário também para governar. Isso fica evidente quando se olha para a composição da Câmara e do Senado que saiu das urnas no dia 2 de outubro. Segundo levantamento da consultoria Arko Advice, Lula teria mais dificuldade para formar maioria nas duas Casas do que Bolsonaro.

A coligação de Lula (PT, PSB, PCdoB, PV e Psol) elegeu 122 deputados e 12 senadores. Segundo a Arko, o candidato do PT poderia conseguir apoio do PTB e mais adesões de parlamentares insatisfeitos entre o PL, PP, Republicanos, que hoje apoiam Bolsonaro. Se conseguir atrair metade do grupo de centro/direita, Lula pode ampliar sua base para 330 deputados e 50 senadores. Tarefa que não será fácil.

Bolsonaro, por sua vez, está em condição mais favorável no Congresso, o que aumenta o risco para o país em caso de sua reeleição. Apoiada pelo bom desempenho de candidatos de centro-direita, a sua base em potencial poderia chegar a 350 deputados e 65 senadores, maior que a de Lula, o que lhe garantiria ampla margem para aprovar Propostas de Emenda a Constituição (PEC), que exigem 308 votos na Câmara e 49 senadores. Para isso, a coligação de Bolsonaro formada por PL e PP e tem 187 deputados e 24 senadores, precisaria atrair apoio de parlamentares do União Brasil, MDB, PSDB, Cidadania, Podemos e Novo.

Com maior gordura no Congresso e ainda podendo indicar mais dois ministros do STF, Bolsonaro teria amplos poderes para levar adiante várias pautas que representariam retrocessos históricos e perigosos para o país, do meio ambiente à economia, dos direitos humanos à igualdade social.

O Globo