Lula promete educar jovens das favelas
Foto: Ricardo Stuckert
Em mais um dia de campanha no Rio de Janeiro, onde tenta reverter a desvantagem em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o candidato do PT ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, fez caminhada no Complexo do Alemão, se reuniu com líderes locais e defendeu que, nas comunidades, “antes de vir a polícia, tem de vir a educação”.
“Nós precisamos acabar com essa história de que o Estado só participa na comunidade quando manda polícia. Nós queremos que a polícia seja um componente de políticas públicas do Estado. Antes de vir a polícia, tem que vir a educação, a saúde, a cultura, tem que vir a melhoria da vida das pessoas”, discursou. “Não é possível que a gente só apareça em páginas policiais, com violência, com mortes, com chacina.”
O primeiro evento do ex-presidente foi uma reunião com lideranças de 11 favelas cariocas, mediada pelo ativista Rene Silva, fundador da ONG e do jornal Voz das Comunidades. Também estava presente o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).
Após o encontro, Lula percorreu, em uma caminhonete aberta, a Estrada do Itararé, uma das principais vias do Complexo do Alemão. Além de Paes, acompanharam o petista o presidente do PDT, Carlos Lupi; e presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, André Ceciliano (PT); a mulher do candidato, Rosângela da Silva, a Janja; e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB). Antes de percorrer as ruas da região, Lula levantou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida presenteada por uma moradora.
Quando Lula foi presidente, a área escolhida por ele para a caminha de ontem recebeu recursos da União para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Cerca de R$ 1,4 bilhão foram alocados para o projeto, anunciado em 2008. “Estamos passando numa área que tem muita obra do PAC, da época em que eu era presidente. E não tem nenhuma casa verde e amarela. A única casa que ele (Bolsonaro) comprou foi aquela com dinheiro vivo. Aqui não tem rachadinha, tem o povo brasileiro”, disparou o ex-presidente, de cima da caminhonete, referindo-se ao programa habitacional formulado pelo atual governo a partir do Minha Casa, Minha Vida.
O ato foi encerrado em um trio elétrico, em que Lula voltou às críticas contra Bolsonaro, sem citar o nome do adversário. O petista disse que o presidente “não tem noção do que é o povo nordestino”. “Ele não tem noção do que é o próprio povo carioca, porque a vida dele sempre foi ligada aos milicianos que mataram Marielle (Franco).” No palanque, estavam a irmã e a mãe da vereadora assassinada em 2018.
O presidenciável voltou a pedir a todos que tenham “uma gota de sangue nordestino” que não votem no chefe do Executivo. “Duvido vocês encontrarem uma obra deste presidente aqui no Complexo do Alemão. Duvido vocês encontrarem uma obra dele na Rocinha”, desafiou.
A Operação Lava-Jato também foi alvo de críticas. Segundo Lula, os envolvidos na força-tarefa “quebraram as empresas de engenharia civil”, quatro milhões e 400 mil pessoas perderam seu emprego, R$ 270 bilhões deixaram de ser investidos no Rio, e o estado deixou arrecadar R$ 58 bilhões por conta da investigação.
“Eles dizem que houve corrupção na Petrobras. Quando tem corrupção, a gente não prejudica os trabalhadores, a gente prende o corrupto”, afirmou. Ele também prometeu retomar a criação de empregos com carteira assinada.