Mentiras de Zema sobre Lula não colam

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução Vídeo/G1

“Vou falar bem pouco, porque hoje a estrela da festa é o nosso presidente”, começou o governador mineiro Romeu Zema, diante do auditório lotado da Federação das Indústrias de Minas Gerais, na tarde de quinta-feira. “Tudo o que estiver ao nosso alcance, nós faremos, para que no dia 30 nós tenhamos o resultado que nós queremos no dia 30 e aquele que nos levará para o futuro”.

Depois de manter prudente distância de Bolsonaro no primeiro turno – contra a vontade do próprio presidente da República– , Zema agora virou a chave.

Ele agora promete trazer para Bolsonaro pelo menos 600 mil dos votos dados a Lula, do 1,68 milhão que cravaram o “Luzema” (ou “Lulema”) no último domingo.

O resultado da votação para presidente em Minas repetiu exatamente o mesmo do Brasil, com 48,43% dos votos para Lula e 43,20% para Bolsonaro.

Para isso, começou na tarde de quinta-feira (6) a gravar vídeos convocando os mais de 600 prefeitos mineiros que ele contabiliza em sua base para um encontro com o Bolsonaro, no próximo dia 14, em Belo Horizonte.

Na ofensiva, em que deve contar com a ajuda do presidente da Associação Mineira de Municípios (AMN), Marcus Vinícius Bizarro, Zema pretende se concentrar especialmente nos municípios de regiões que tradicionalmente votam contra o PT e que nesta eleição migraram para Lula – como o pontal do Triângulo Mineiro, por exemplo, e algumas cidades do sul de Minas e da Zona da Mata.

O argumento a ser repetido nos vídeos e nos encontros é o de que, se Lula for eleito, voltará a penúria financeira que os municípios viveram nos tempos do governo do PT no estado, com atrasos nos repasses de dinheiro de fundos federais e o acúmulo de dívidas.

“Eu acho que todo mineiro que conhece a realidade deveria falar ‘Eu sou PTfobia’. Só se sofrer de amnésia para querer que esse governo volte”, disse Zema na quinta-feira, no palco de um evento na Federação das Indústrias de Minas Gerais.

“O eleitor mineiro não segue essa lógica”, diz o marqueteiro Alberto Lage, que já trabalhou para o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) e mais recentemente fez pesquisas qualitativas para a campanha do candidato a senador do PSD, Alexandre Silveira (ambos derrotados). “Em 2018, o ex-governador Antonio Anastasia e tinha a quase unanimidade entre os prefeitos, mas perdeu para o próprio Zema, que era um novato.”

Nas qualitativas feitas para a campanha de Silveira, Lage constatou que “o Romeu Zema é uma figura carismática e gera empatia pelo estilo pessoal dele, mas seu apoio político não gera o mesmo impacto aos candidatos que ele apoia”.

Como exemplo, Lage cita o caso do candidato a prefeito de Belo Horizonte apoiado por Zema em 2020, Rodrigo Paiva (Novo), que ficou em quinto lugar na eleição, com 3% dos votos.

O Globo