Militares calam após urnas mostrarem lisura
Foto: Michael Melo/Metrópoles
A ideia era comparar os números, coletados nos locais de votação logo após o fechamento das urnas no último domingo, com os dados que chegavam no sistema de totalização do tribunal, em Brasília. Qualquer divergência, obviamente, seria motivo para o presidente fazer muito barulho.
“Vou aguardar o parecer aqui das Forças Armadas, que ficaram presentes hoje lá na sala-cofre (do TSE). Repito, elas foram convidadas a participar, integrar uma comissão de transparência eleitoral. Então isso aí fica a cargo do ministro da Defesa tratar desse assunto”, chegou a dizer Bolsonaro na primeira entrevista após ser confirmado no segundo turno, no domingo.
Depois de fechadas as urnas e anunciados os resultados, a coluna perguntou qual foi o resultado da conferência feita pelos militares. O Exército afirmou que a pergunta deveria ser feita ao Ministério da Defesa: “O Centro de Comunicação Social do Exército orienta que sua demanda seja direcionada ao Ministério da Defesa”. Procurado na sequência, o Ministério da Defesa simplesmente não respondeu.
Ao total, o Exército se encarregou de coletar e conferir os boletins de 385 urnas, escolhidas, segundo os militares, a partir de critérios estatísticos. A decisão dos militares de fazer a checagem gerou desconforto no TSE, que antes da eleição divulgou nota para dizer que, há tempos, os boletins de urna são disponibilizados a quem quer que seja nas seções eleitorais.
Para fazer um contraponto a eventuais questionamentos que pudessem surgir da conferência dos militares, o Tribunal de Contas da União acertou com o TSE que também faria uma checagem — e em um número ainda maior de urnas, para não deixar margem para dúvidas. Quinze auditores foram escalados para a tarefa. Nenhuma irregularidade foi encontrada.
O silêncio dos militares é um sinal eloquente de que a conferência que eles ficaram de fazer também não detectou divergências.