Nordeste e pobres elegerão Lula, diz Datafolha
Foto: Douglas Magno/AFP
A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira reforça a existência e persistência de uma verdadeira fortaleza de votos a favor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em parte do eleitorado. A vantagem do petista entre a população de baixa renda, que já era grande, cresceu para 28 pontos. No Nordeste, o presidente continua mantendo uma frente de 40 pontos sobre Jair Bolsonaro (PL), número que o presidente não consegue compensar com seus votos nas outras regiões.
São essas duas grandes vantagens que, caso se confirmem no dia da eleição, poderão dar a vitória para o ex-presidente, aponta a pesquisa. O Nordeste, sozinho, representa 27% do eleitorado. Nas amostras do Datafolha, o grupo de eleitores com renda familiar de até dois salários mínimos representa quase metade do total.
Em todos os outros estratos de renda, por exemplo, Bolsonaro lidera: ele tem 14 pontos de vantagem entre aqueles com renda de dois a cinco salários mínimos e de 28 pontos entre aqueles que recebem de cinco a dez. Mas esses grupos, na pesquisa, não são fortes o suficiente para virar a eleição a favor do presidente.
A “fortaleza” de Bolsonaro, por outro lado, se concentra principalmente na divisão religiosa que se instalou no Brasil: entre os evangélicos, que representam cerca de 27% do eleitorado (praticamente um Nordeste), o presidente tem uma vantagem considerável sobre Lula. Nesse grupo, são 62% os que dizem preferir Bolsonaro contra 32% que escolhem Lula. Já nos estratos por região, Bolsonaro lidera com folga no Centro-Oeste e no Sul, mas em nenhum dos dois com uma vantagem tão decisiva quanto a que o petista tem no Nordeste. No Sul, Bolsonaro ampliou sua vantagem, que era de 17 pontos, para 22.
Um exemplo de como a vantagem folgada de Lula no Nordeste pesa muito a favor do presidente já ocorreu no primeiro turno. Em São Paulo, que registrou votos de 27 milhões de eleitores no total, Bolsonaro teve 1,7 milhão de votos a mais do que o petista. Mas essa vantagem foi mais do que compensada apenas pela votação no Ceará: lá, Lula teve 2,2 milhões de votos a mais que Bolsonaro, apesar do estado ter um eleitorado cinco vezes menor do que o de São Paulo. Da mesma forma, a votação de Lula no Maranhão compensou toda a vantagem que o presidente teve em Santa Catarina, por exemplo.
Como padrão de comparação, Bolsonaro lidera hoje em São Paulo, segundo o Datafolha, com 53% dos votos válidos. Em 2018, o presidente teve 67,97% dos votos válidos no estado. Na prática, a vitória de Bolsonaro há quatro anos foi carregada em votações muito significativas no Sul e no Sudeste, que não têm aparecido agora.