Abstenção em MG foi a menor do país
Foto: Douglas Magno/AFP
A redução no índice de abstenção entre o primeiro e o segundo turno — inédita desde que as eleições ganharam o formato atual, em 1989 — passou pela disposição que os mineiros demonstraram para ir às urnas no último domingo. Segundo maior colégio eleitoral do país e alvo de intensa disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que concentraram no estado boa parte de suas agendas e alianças estratégicas, Minas Gerais registrou a maior queda percentual e numérica do país na abstenção, caindo de 22,28%, no primeiro turno, para 20,99%.
Compareceram às zonas eleitorais no domingo passado um total de 12,3 milhões de mineiros, diante de 12 milhões no dia 2 de outubro. Ao todo, houve 315.637 votos a mais no estado no segundo turno, número muito próximo à diferença computada no Brasil inteiro, com um acréscimo de 322.634 eleitores.
Ainda assim, a taxa de abstenção mineira permaneceu acima da nacional. No primeiro turno, 20,95% dos brasileiros aptos a votar não o fizeram. No segundo, em meio à polarização ainda mais acentuada entre os dois adversários, o índice recuou para 20,58%.
Ao longo das quatro semanas que separaram as duas votações, várias ações tiveram como objetivo estimular a participação da população no pleito. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vetou a redução da oferta de transporte e autorizou que o passe livre fosse adotado. A Corte também impôs, por exemplo, que o metrô de Belo Horizonte, capital mineira, acatasse uma decisão judicial que determinava que a passagem não fosse cobrada no domingo.
No dia da votação, operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar ônibus que levavam eleitores — realizadas mesmo após proibição do TSE na véspera e direcionadas sobretudo ao Nordeste, única região onde Lula venceu — foram acusadas por petistas de ter o objetivo de afetar negativamente o comparecimento às urnas, o que poderia, supostamente, favorecer Bolsonaro. Contudo, o ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte Eleitoral, afirmou que a prática não impediu que ninguém votasse, apenas atrasando deslocamentos, e negou pedido do PT para ampliar o horário de votação.
Em meio a esse cenário, a abstenção subiu em 12 dos 27 estados brasileiros, quatro deles no Nordeste: Maranhão, Piauí, Alagoas e Sergipe. Também destoaram da tendência nacional o Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste, e todos os sete estados da Região Norte: Amapá, Acre, Roraima, Tocantins, Amazonas, Pará e Rondônia. Em contrapartida, as regiões Sul e Sudeste inteira tiveram comparecimento maior no segundo turno.